WILSON DE OLIVEIRA NETO: ZEMA E UMA HISTÓRIA PARA CHAMAR DE SUA

A HISTORICIDADE DAS COISAS SÃO BENTO DO SUL

O problema foi apresentar uma leitura alternativa sobre o passado, dando a entender que a historiografia escolar e a de caráter público produzidas pelos profissionais da História são chapa branca

Por Wilson de Oliveira Neto, historiador

O início da semana foi agitado nas redes sociais por conta de um story publicado no perfil de Romeu Zema, governador de Minas Gerais pelo Novo. Na publicação, ele recomendou a leitura do livro “Guia politicamente incorreto de história do Brasil”, do jornalista Leandro Narloch.

A obra citada faz parte de uma trilogia de “guias” politicamente incorretos de história do Brasil, da América Latina e do mundo que oferecem ao leitor uma espécie de história a contrapelo alternativa à narrativas acerca do passado permeadas, segundo sugere o autor, por um viés ideológico.

Mosoquismo intelectual
“Guias”
– Costumo dizer aos meus alunos que pratico masoquismo intelectual e, há muitos anos, comprei e li os três “guias” escritos por Narloch, cujo primeiro, dedicado à história do Brasil, ultrapassou a marca de um milhão de exemplares vendidos.

Um feito notável, tenho de reconhecer. Porém, após a leitura das três obras, tenho a sensação de ter perdido cento e cinquenta Reais, pois se tratam de livros tão ideológicos quanto as narrativas que contestaram.

Contexto
Desconforto –
Enfim, não gosto dos “guias” escritos por Narloch, pois nasceram em um contexto marcado pelo reformismo petistas, pela introdução de políticas afirmativas para afrodescendentes, enfim, por um contexto marcado por aquilo que vulgarmente é chamado de “politicamente correto”.

O passado, por meio da história, forneceu muitos dos argumentos para essas e outras políticas que causaram (e continuam a causar) um desconforto tremendo para uma parte da população brasileira eurodescendente. Até aí, nada de novo no front.

O problema foi Zema apresentar o livro como um fim em si. Uma leitura alternativa sobre o passado, dando a entender que a historiografia escolar e a de caráter público produzidas pelos profissionais da História são chapa branca. Ou seja, possuem um viés ideológico de esquerda.

Símbolos importantes
Contrapelo –
Zema deseja uma história para chamar de sua. Um passado que coloque em xeque o passado, que na sua óptica, alimenta o discurso da esquerda. Nesse contexto, os livros de Narloch caíram como uma luva, pois atacaram símbolos importantes para causas de inúmeros movimentos sociais e forças políticas no campo progressista.

Nesse sentido, é a leitura de Zema que tem um claro viés ideológico, tão ou mais que o passado que ele deseja escovar a contrapelo.

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