MARIANO SOLTYS (FILOSOFIA NO SUL): SÉRIE “ADOLESCÊNCIA” E O MOVIMENTO REDPILL

FILOSOFIA DO SUL SÃO BENTO DO SUL

Esse desequilíbrio entre masculino e feminino reflete uma lógica tristemente presente

Por Mariano Soltys,
filósofo e professor

Recentemente o Ministério da Mulher denunciou uma centena de canais de vídeos contendo mensagens ofensivas contra as mulheres. A série “Adolescência” também mostra um garoto de 13 anos com uma série de ideologias provenientes disso, tais como o “redpill”, uma referência ao filme “Matrix”, mas que foi reinterpretada por uma machosfera ou manosfera, com pensamentos misóginos, machistas e exagerados. Na série, o menino foi preso por ter assassinado uma garota, assim revelando sua motivação aos poucos, ficando mais claro quando da conversa com a psicóloga.

Violência verbal
Delegacia –
A série começa com grande realismo na delegacia, bem como na escola, com a violência verbal, o caos que está na educação, mesmo na retratada Inglaterra, que reflete uma Geração Z confusa e bombardeada por informações de vídeos, muitos de movimento pela suposta “fragilidade” masculina.

Refletindo no comportamento de jovens, que como no caso da série, estão em fase de desenvolvimento físico e psicológico, levando a ideias como o Incel (celibato involuntário), a proporção de 80/20 (mulheres que se atraem por homens), a Msol (mãe solteira), o VSM (valor sexual de mercado), carrossel (mulher experiente) e tantas outras bobagens.

Romance policial
Motivação –
Esses vídeos são falsamente chamados de desenvolvimento pessoal, cuidados do homem, dicas jurídicas em relação a casamento, bem como “exemplos” de homens artistas famosos que passaram por recém divórcio.

A série “Adolescência” é um romance policial que nem tanto se foca no crime do assassinato, mas nessa motivação, do masculino, da relação do menino com o pai e o avô, mostrando um complexo de Édipo um tanto invertido, bem como certa bipolaridade do menino, que explode a quase todo o momento, em especial quando fala com mulher. 

Na série, se percebe o foco técnico da terapia, bem como a dúvida que se tem ao ver um menino franzino, mas que foi doutrinado por essas ideais de Incel e outras confusões, hoje poluindo a mente dos jovens e tirando o romantismo e o amor pela mulher, que deveria ser o caminho mais saudável.

Desequilíbrio
Feminismo artificial –
Esse desequilíbrio entre masculino e feminino reflete uma lógica tristemente presente, sendo que o feminicídio é fenômeno que se multiplica a cada dia – e tudo pode começar desde a adolescência, como mostra a série.

Outra situação é um feminismo que também vem mais artificial que o feminismo original, e que provoca e busca tensão com os meninos, como no caso também da série, na qual o garoto foi provocado em redes sociais.

Numa geração sem referenciais, reprodutora de futilidades de influencers e toda a sorte de fanatismo, como algum religioso que também apoia a visão de certo machismo, como a noção “bíblica” que a mulher deve ser submissa ao homem, bem como chamando as moças crentes de “honradinhas”, e outros absurdos de desrespeito para com o feminino, o que se pode encontrar em jovens, como na boca do protagonista da série. Nessa ideologia, os meninos armam para as damas convites enganosos, não pagando conta, ou mesmo deixando elas em confusões.

Baixa autoestima
Universo –
Tais absurdos retratam uma baixa autoestima, bem como um narcisismo, como o presente na opinião do menino que não convida a sua mãe para ser sua auxiliar, como se vê também na série. Um caso famoso de pensamento desse naipe foi dado pelo tal Careca, que inclusive possuía curso e ensinava meninos nessa ideologia de machosfera.

Certamente o jovem preso pode ser um exemplo de como se deve reagir contra qualquer violência em relação à mulher, seja ela psicológica ou física, sendo tais ideologias de manosferas algo danoso a relacionamentos saudáveis e equilibrados, devendo ser denunciada qualquer violência contra a mulher. A série “Adolescência” mostra esse universo.

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