WILSON DE OLIVEIRA NETO: SOMOS MAIS MUÇULMANOS DO QUE IMAGINAMOS

A HISTORICIDADE DAS COISAS SÃO BENTO DO SUL

A aversão ao que é islâmico é uma expressão da Islamofobia, bem como a desqualificação e o desrespeito ao patrimônio cultural muçulmano

Por Wilson de Oliveira Neto, historiador

Em minha mais recente coluna publicada neste jornal, abordei uma forma de preconceito e violência contra os judeus e seu patrimônio cultural, denominada “Antissemitismo”. Neste texto, tratarei da “Islamofobia”, outro tipo de preconceito e violência praticados, porém, contra os muçulmanos (ou islamitas).

Para início de conversa, você sabe o que é o Islamismo? Trata-se, de uma religião monoteísta fundada onde hoje está localizada a Arábia Saudita, durante a década de 20 do século VII (7), lá na distante Idade Média.

Seus crentes, os muçulmanos, acreditam que o Islamismo foi a terceira e última grande religião enviada por Deus (Allah) à humanidade, sendo antecedida pelo Judaísmo e o Cristianismo. Porém, para religar o ser humano a Deus, foi necessária uma terceira grande religião, o Islamismo, e seu projeta, Muhammad. Há muitas semelhanças e, também, significativas diferenças entre, por exemplo, o Cristianismo e o Islamismo.

Mas prefiro nesta coluna reforçar o que une cristãos e muçulmanos, como por exemplo, o monoteísmo ético e o reconhecimento de um passado mitológico comum presentes em seus livros sagrados, a Bíblia e o Alcorão.

Aversão
Extrema Direita –
A aversão ao que é islâmico é uma expressão da Islamofobia, bem como a desqualificação e o desrespeito ao patrimônio cultural muçulmano. No presente, a Islamofobia mistura-se com a ascensão de uma nova Extrema Direita, como, por exemplo, investigou o historiador italiano Enzo Traverso por meio do conceito de Pós-Fascismo.

No contexto brasileiro, as manifestações islamofóbicas também estão vinculadas à Extrema Direita, sendo externalizadas em contextos de fundamentalismo religioso cristão e de disputas simbólicas entre esquerda e direita em torno das guerras no Oriente Médio, mais recentemente, no conflito israelo-palestino.

Força da lei
Diversidade –
Se levarmos em consideração que uma boa parte do patrimônio cultural brasileiro tem origem islâmica, como por exemplo, diversas palavras da língua portuguesa, além de existirem no País de 800 mil a 1,5 milhão de muçulmanos, a Islamofobia é algo absurdo e, como as demais formas de preconceito, deve ser combatida por meio da educação para a diversidade e, também, pela força da lei.

800 anos
Domínios –
Durante 800 anos, a Península Ibérica, em que Portugal e Espanha estão localizados, foi um dos domínios do Islã na Europa. Mesmo com a fundação das monarquias ibéricas fortemente católicas, diversos aspectos das suas culturas permaneceram islamizados. Nesse sentido, independente do que cremos, somos mais muçulmanos do que imaginamos. Daí a Islamofobia não estar com nada.

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