A democracia é frágil quando seus próprios representantes optam pela covardia
Por Diego Andrade, professor

É um paradoxo vergonhoso: políticos eleitos pela democracia que hoje defendem anistiar aqueles que tentaram destruí-la. O Brasil, mais uma vez, assiste à cena grotesca de representantes do povo atuando como advogados de criminosos que atentaram contra o Estado de Direito. Em vez de honrarem o juramento de respeitar a Constituição, muitos escolhem servir a interesses eleitoreiros, ideológicos ou covardemente populistas.
Não há inocência nesse jogo. Quem defende anistia para golpistas não está preocupado com pacificação nacional. Está interessado em blindar cúmplices, agradar bases radicais ou, pior, manter aberta a porta para novas tentativas de ruptura institucional. É um projeto político camuflado de discurso de reconciliação.
Resposta dura
Simples – Chamar de “protesto” aquilo que foi tentativa de sublevação contra as instituições é falsificar os fatos. O que houve — e segue em julgamento — foram atos organizados, financiados e executados com o claro objetivo de desestabilizar os poderes constituídos. Defender anistia para isso é passar pano para o crime. É, na prática, abrir precedente para que novos ataques venham a ocorrer, agora com a certeza da impunidade.
Mais grave ainda é o fato de que essa defesa parte de parlamentares e governantes que foram escolhidos justamente por meio das urnas que os extremistas queriam destruir. Como podem, sem rubor, defender que se perdoem aqueles que desprezam o processo que lhes deu o mandato? A resposta é dura, mas simples: porque, para eles, a democracia é apenas um meio, nunca um fim.
Votos
Autoritarismo – Quem deve lealdade à democracia não negocia com golpistas. Não relativiza crimes contra o Estado de Direito. Não teme perder votos por defender o que é certo. A democracia é frágil quando seus próprios representantes optam pela covardia, pela conveniência e pelo silêncio cúmplice.
A história julgará esses que, hoje – com mandato nas mãos e discurso calculado – traem os princípios que os colocaram no poder. E a sociedade precisa fazer o mesmo, agora — com indignação, com resistência e com vigilância. Porque defender a democracia exige, antes de tudo, coragem. E coragem é o que falta a quem, eleito pelo povo, se ajoelha diante do autoritarismo.
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