Somos um composto de vestígios de traumas, saudades, faltas, medos, solidões e, claro, muitas coisas boas também
Por Mauro Cesar Telesphoros Stiegler, psicólogo clínico
É fato que ao longo da vida perdemos ou nos distanciamos dos nossos primeiros afetos. Pai, mãe, por exemplo.
Aquele aconchego e cuidado, especialmente o materno (para algumas pessoas) ausentam-se da nossa vida sem mesmo pedir licença, as vezes nem aviso prévio.
Distantes do calor primordial da mãe, e pelas refregas da vida, ou ainda por mil outras razões, nos pegamos sozinhos, e, sem perceber, nos descuidamos do carinho e amor que merecemos e tínhamos a partir da nossa mãe, por exemplo, ou do pai.
Vamos à prática
Argumentos – Para nossa estrutura mental, emocional como num todo, se faz necessário o movimento de maternizarmos a nós mesmos.
Sem essa de argumentos do tipo: “Vou comer qualquer coisa rapidinho, pois é só para mim mesmo”; “não vou pôr à mesa, como aqui na sala mesmo”; “não preciso deixar tudo bonito aqui em casa, pois hoje não vem ninguém”.
Veja que pensamentos e atitudes assim são recados a você mesmo, de que você não é importante o suficiente; que não merece mais uma boa mesa, nem uma lareira acesa ou uma casa arrumada.
Estrutura psicológica
Fórmulas mirabolantes – Sem perceber, nos desprezamos, nos negligenciamos. Nossa estrutura psicológica aprende aos poucos essa invalidação, esse descaso, e passa, passo a passo, a funcionar de modo a corresponder com o desleixo que ensinamos a ela. Depressão, baixa autoestima e baixa imunidade são alguns dos sintomas do “esquecer-se de si mesmo”.
A reflexão que se pede do nosso presente artigo gira em torno de entender que motivação, força de enfrentamento e resiliência diária vão muito além de um curso de motivação ou fórmulas mirabolantes de alta performance.
Profundidade
Efêmero – Somos um composto que se compõem de vestígios de traumas, saudades, faltas, medos, solidões e, claro, muitas coisas boas também. No entanto, sair desse comum e efêmero pregado por aí exige no mínimo mais profundidade.
Como vão os afagos, aplausos e desculpas de você para você?
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