O MUNDO REAL ESGOTOU SUA PACIÊNCIA COM HÁBITOS HIPÓCRITAS
Por Mauro Cesar Telesphoros Stiegler, psicólogo clínico
Há quem pelos caminhos existenciais se inspire nas estrelas, tanto nas celestes como nas hollyoodianas. Há também os que se miram em músicos, políticos ou naquelas referências que condizem com suas aspirações profissionais ou pessoais.
Conforme o primor ou a alta performance que vultos ou ícones de variados setores da cultura humana colocam em suas obras, angariam admiradores, seguidores ou críticos ácidos. Passam literalmente a influenciar pessoas, grupos e até gerações.
Saudável até certo ponto, as influências de fato quase perpetuaram registros de feitos e obras que cuidaram de mudar a direção do mundo.
Exemplos? Sigmund Freud = Psicanálise, São Francisco de Assis = Amor aos animais. Adolf Hitler = Eugenia e racismo, Al Capone = Crime organizado. Irmã Dulce = Caridade; essa lista se estenderia por demais.
Importa sobretudo refletir que estamos constantemente parindo; parindo ideias, preconceitos, comportamentos e atitudes; desta forma naturalmente também influenciando.
Falsos moralistas
O mundo real esgotou sua paciência com hábitos hipócritas, com saias compridas que tentam expor fé e castidade. O mundo está irritado com os falsos moralistas que têm em seus repertórios uma “lição de moral” para tudo e para todos. O mundo já não cai mais no discurso mesquinho de quem se vangloria por não colocar na boca nem uma gota de álcool mas na intimidade do lar é um tirano. O mundo saturou-se das pregações e grita por ações.
O maior exemplo digno de ser seguido pode ser o José ali do lado, que paga suas contas e dispõe de um tempo para estender a mão ao próximo. Pode ser a dona Maria que coloca amor na hora de cozinhar o feijão para os seus diariamente. Anônimos, mas talvez saudáveis em várias instâncias existenciais.
Assisti a um documentário sobre as memórias do nazismo, os entrevistados eram antigos soldados alemães, alistados alguns com apenas 10 anos, bem a moda do Estado Islâmico e afins. Todos contaram como ficaram espantados quando perceberam que foram ludibriados por um louco e fanfarrão que destruiu milhões de vidas inocentes e o próprio país e seu povo.
Mas há quem ainda preste reverência ao Führer, ao condutor, mesmo sem saber as ideias genuínas do príncipe das trevas moderno.
Ideias ou “notícias”
Nos remete pensar sobre por quem somos influenciados e de que forma influenciamos. O que se passa nos bastidores da nossa alma quando acatamos ou disseminamos ideias ou “notícias”.
Continuamos, assim, parindo ideias, comportamentos e atitudes, e adotando às vezes inconscientemente os frutos paridos de outrem.
É importante, por exemplo, analisar com honestidade as possíveis figuras que nos fazem falta; a presença da ausência paterna ou materna; as frustrações e desamores, os quais projetamos em lideranças ou autoridades, carismáticas ou não, e passamos de admiradores a militantes, de militantes a adoradores, de adoradores a multiplicadores, de ideias e ideais que podem nada ter a ver com nossa história, identidade ou crença real e legítima.
De uma hora para outra, quando por ventura vier (se vier) a maturidade, nos daremos conta que fomos por boa parte da vida discípulos de ninguém.
Bendito seja ou maldito seja o fruto do nosso ventre?
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