Maioria das questões envolveu temas de diversidades, etnia, cultura, democracia, povos tradicionais e consciência de classe
Por Mariano Soltys, filósofo e professor
Mais uma vez o Enem provou a importância da filosofia e da sociologia em sua prova, com a maioria das questões envolvendo temas de diversidades, etnia, cultura, democracia, povos tradicionais, e tendo na redação um tema que exigia uma consciência de classe.
Fato é que, desde Aristóteles, com o tema da ética, de um livro que ele escreveu ao seu pai, Nicômaco, já demonstrou-se a qualidade da prova e do que foi questionado, nessa questão sendo a conduta humana o tema. Já a questão sobre Foucault, o pensador mais citado em trabalhos acadêmicos, foi sobre o corpo utópico, que era de uma temática entre a pensamento dicotômico, referente a metafísica clássica.
Com relação ao tema da indústria cultural, que padroniza a arte, a questão tratava do tema do controle social operada por essa forma de arte de massa. Já numa questão sobre o iluminismo, Habermas trata do tema dos salões, onde havia uma segregação de pensadores e que se aumentasse a circulação de ideias, tema que resulta também na enciclopédia, forma de popularizar o saber, fruto de iluministas.
Pluralidade de interações
“A culpa é das estrelas” – Com relação de questão sobre os pensadores Deleuze e Guattari, o tema era do rizoma, doutrina deles para a pluralidade de interações, uma visão que descentraliza várias abordagens. Na questão sobre democracia, ali se falava da soberania, do poder popular, seja no voto, seja em atos de fiscalização e mesmo no próprio poder do povo, conceito de democracia.
Já na questão sobre o emocionante livro “A culpa é das estrelas”, de modo que se tratava no tema da vida e da finitude, o que era uma abordagem filosófica do livro, o que se pode levar a filósofos existencialistas como Sartre, Heidegger, Nietzsche etc, que tratam na existência que acaba com a morte, ou não tem uma promessa transcendente.
Zygmunt Bauman
Herança africana – Já na questão de Quine e Carnap, o tema era o da linguagem, e da lógica, o que tratava a resposta, da estrutura epistemológica. Enfim, o ENEM trouxe uma série de questões, e mesmo a redação, poderia ser melhor trabalhada se com autores como Djamila Ribeiro e Zygmunt Bauman, dentre outros, o que levaria a argumentos mais incisivos.
No tema da redação, que eram esses desafios da abordagem da herança africana no Brasil, em especial no relato de professora de história e a dificuldade em se trabalhar o tema, o que teria de ser em acordo com os direitos humanos. O tema daria mais um artigo de reflexão, à parte.
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