MARIANO SOLTYS (FILOSOFIA NO SUL): BEBÊS REBORN E IMMANUEL KANT

FILOSOFIA DO SUL SÃO BENTO DO SUL

Nos tempos de Black Mirror em que vivemos, a vida das pessoas se tornou um reality show

Por Mariano Soltys, filósofo e professor

Recentemente vimos várias notícias, algumas fakes, outras talvez reais, retratando os bebês reborn e a indignação das pessoas, por certas mães imaginárias aparecerem em postos de saúde tentando tratar seus bebês de borracha.

Claro que se pode fazer uso médico de bebês, como no caso de mulheres que perderam seus filhos, combate a depressão, ou mesmo colecionar, e isso é salutar, mas nem toda a situação justifica a defesa de objetos como se fossem seres humanos, retirando vagas de pessoas reais.

Isso é uma coisificação, uma distinção que até o filósofo Immanuel Kant, iluminista alemão, tentava, em distinção de pessoas e objetos, com questão de direitos humanos, que daí pode se inferir.

Aparente transtorno
Diferença –
Esse aparente transtorno compulsivo, essa fuga da realidade parece ser mais uma forma de conseguir mais seguidores e visualizações, não tanto uma realidade. Nos tempos de Black Mirror em que vivemos, a vida das pessoas se tornou um reality show, sendo que mais importa ter a fama, que ter dignidade, respeito, valores, moral. Isso tudo seria um pesadelo para um filósofo alemão chamado Immanuel Kant, que tratava da moral, do conhecimento, o que foi uma revolução copernicana na filosofia.

Sua ideia de juízo sintético a priori, seu imperativo categórico, e outras ideias, como a dignidade humana, que nos diferencia de objetos, foram algumas, dentre tantas. O caso do filósofo de Königsberg, que ensinava que a diferença de pessoas para objetos, é que elas têm dignidade. A conquista dos direitos humanos é uma luta que até recentemente é essencial, e a sociedade não pode evitar esse valor maior, não financeiro.

Socialização
Direitos humanos –
Outro fator é a socialização, que se faz entre pessoas, suas interações. A socialização primária se faz na família. Mas é com pessoas, não objetos de borracha. O mesmo se diga da socialização secundária, que se dá na escola, no trabalho, e assim as pessoas se desenvolvem de forma saudável.

Claro que exigir direitos de objetos igualmente é estranho, se tratar como coisas, uma vez que existe o direito das coisas. Diferentes são os direitos humanos, da personalidade, e outros, do das coisas. Bebês reborn podem evoluir, mas as pessoas continuarão sendo imagens de Deus, e os objetos, criações humanas.

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