WILSON DE OLIVEIRA NETO (A HISTORICIDADE DAS COISAS): SKELETON CREW E A IA ENTRE NÓS

A HISTORICIDADE DAS COISAS SÃO BENTO DO SUL

Temos de discutir publicamente o que se ganha e o que se perde com as inovações tecnológicas

Por Wilson de Oliveira Neto,
historiador

Em uma das primeiras cenas da série “Star Wars: Skeleton Crew”, lançada na plataforma de streaming Disney+ no início deste mês, foi representada uma escola em que a docência era exercida por dróides, localizada em um planeta conhecido como At Attin, cuja sociedade vive em um ambiente permeado por inteligências artificiais que realizam diversas tarefas cotidianas, muitas das quais, em nosso mundo, somos nós quem a realizamos, como lecionar em uma escola.

Em seu perfil na rede social Instagram, a Agência Lupa publicou um carrossel sobre as tendências sobre Inteligência Artificial (IA) na educação para o próximo ano. Foram citadas declarações de profissionais ligados aos campos da Educação e da IA. Uma dessas pessoas mencionou o resultado de uma pesquisa realizada pela Universidade de Oxford, em 2013, segundo o qual, até 2030, aproximadamente 3 bilhões de postos de trabalho serão substituídos por IA.

Bola da vez
Emergência –
Inteligência Artificial e seus impactos nas sociedades são a bola da vez na esfera pública comunicacional. A emergência desses temas tem historicidade e, certamente, envolve interesses econômicos, uma vez em que, desde a pandemia da Covid-19, foi acelerado o processo de virtualização da educação formal, do trabalho e mesmo da vida social.

Começamos pelo oferecimento de dispositivos digitais de comunicação mais sofisticados e, há pouco tempo, chegaram ao mercado as primeiras tecnologias de IA para consumo de um público variado, a exemplo do ChatGPT, lançado pela empresa Open AI, em novembro de 2022.

Marco
Ourives –
No Ocidente, inovações tecnológicas são recorrentes desde o início da Era Moderna, entre os séculos 15 e 16, na Europa. É comum citar como um marco dessa história a imprensa de tipos móveis desenvolvida pelo ourives alemão Johhanes Gutenberg. Tais inovações causaram (e causam) os mais diversos impactos culturais, econômicos, sociais, etc, sendo vistas de forma exageradamente negativa ou positiva.

Arrisco afirmar que, desde meados do século 19, contudo, há uma espécie de empolgação em torno da “tecnologia”, sendo o seu avanço considerado inevitável e, essencialmente, bom para a humanidade, em um tipo de marca “hi tech” do progresso. Porém, se é algo que aprendi com o estudo do passado por meio da história, é que nada é essencialmente “x” ou “y”, muito menos linear e inevitável.

Discussão pública
Razão crítica
– E, principalmente, que temos de discutir publicamente o que se ganha e o que se perde com as inovações tecnológicas. Vejam bem, sou moderadamente otimista com os potenciais da IA e não acredito na possibilidade, pelo menos, no curto e médio prazos, de um Skynet da vida ferrar com a humanidade, tal como a ficção científica adora vender para o público.

Porém, temos de exercitar nossa razão crítica e refletirmos para além de um suposto essencialismo e inevitabilidade de inovações tecnológicas, a exemplo da IA, mesmo que Star Wars e as pessoas citadas pela Agência Lupa afirmem o contrário. Pois, nossa capacidade crítica é, talvez, uma das características que, até o momento, nos diferenciam, para melhor, de uma IA.

WhatsApp – O grupo de WhatsApp do Jornal Edição Digital pode ser acessado clicando aqui.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *