MARIANO SOLTYS: SÉRIE “ABSENTIA” E A SOMBRA JUNGUIANA

FILOSOFIA DO SUL SÃO BENTO DO SUL

Produção começa de modo intenso, reservando o mistério de uma vítima

Por Mariano Soltys, filósofo e professor

Uma série que já se encontra em sua terceira temporada, do estilo policial e com serial killer, que soma aspectos existenciais, distopia, surrealismo, psicodelismo e muito mais. A série começa de modo intenso, reservando o mistério de uma vítima, Emily, que carrega consigo um monstro desconhecido, sendo que após 7 anos, um número simbólico, de um ciclo que se foi, nascendo disso uma nova pessoa, desconhecida.

Reviravoltas
Taras – Assim somos todos nós: após sete anos somos outros seres completamente novos. A série toma uma gama de reviravoltas, como a parte do irmão satisfazendo taras, bem como da própria protagonista, que não se sustenta em sua posição de vítima, quando dúvidas surgem, após dúvidas. Uma série interessante para a psiquiatria e psicologia forense. Mas é na sombra de Karl Gustav Jung, discípulo de Freud, que parece estar o grande aspecto da série.

Pai da psicanálise
Freud – Mestre Jung se diferencia um tanto de Freud, seu mestre, o pai da psicanálise. Ele supera o foco na libido, e vai até o inconsciente coletivo. Ainda trata de singularidade, bem como temas como a sombra. Curioso é a forma de interpretar os sonhos de Jung. Mas voltando a série Absentia, a personagem entra em crises, uma vez foi por muito tempo torturada. Assim ela procura desvendar esse mistério, apesar de seu esquecimento da realidade do que viveu.

Depois, isso volta para a infância, na qual ela descobre ter estudado num orfanato onde havia experimentos, por parte de um médico, dessas torturas. Isso lembra um programa do governo americano, secreto, chamado Projeto MK Ultra, mas da CIA, que parece ter inspirado a série.

Vida real
Controle mental
– Na vida real, pessoas até se suicidaram, após serem cobaias desse programa de controle mental, que eram militares treinados e que se propuseram a contribuir. Isso lembra as experiências com animais de Skinner, de modo que estes tocavam um sino após receberem alimento, e tocavam também para se alimentar. A protagonista parece ter sido um desses “ratos” de um sádico serial killer, ou de alguém que alimentava seu sadismo com pessoas, ainda mais, crianças, que eram colocadas numa caixa de vidro com água.

Aspecto da sombra
Algoz –
Talvez nem tanto por ser vítima, mas Emily parece ter participado com pessoas que praticavam os crimes, de modo que seu ex-marido já desconfiou e tinha certeza de ela ser a criminosa. O aspecto da sombra mostra que ela parecia participar, sendo que em algumas cenas ela parece colaborar, ou se ver na pele do algoz. A sombra esconde nosso mal mais oculto.

Sedução
Resiliência –
Também Emily, por vezes, se aproxima, seduz e manipula seu ex-marido, além de ser protetora para com o filho. Este fato que mostra um lado positivo dela. A série tem muita coisa e guarda fortes surpresas, não colocando mais spoiler.

Emily também é forte em resiliência, o que na segunda temporada, vai levar ao soro extraído dela, uma vez superou as torturas. Talvez o monstro esteja mais perto do que imaginemos, mas enjaulado. Por fim, uma grande conspiração é desvendada.

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