PAULO SCHWIRKOWSKI: CONHEÇA A PAINA-DE-FLECHA

FLORA SBS SÃO BENTO DO SUL

Até mesmo o pólen desta planta possui diversas utilidades, como mistura em pães, sopas, panquecas, bolos e similares

Por Paulo Schwirkowski, pesquisador botânico

Nomes populares: Tabôa, bucha, capim-de-esteira, espadana, landim, paina-de-flecha, pau-de-lagoa. Nome científico: Typha dominguensis Pers. Família: Typhaceae. Tipo: Nativa, não endêmica do Brasil.

Descrição: Planta herbácea paludosa, perene, de rizoma rasteiro, branco, esponjoso e macio. Haste floral ereta, cilíndrica, glabra, verde, com até 3 m de altura. Folhas invaginantes na base da planta, acuminadas, glabras, lisas, grossas e esponjosas internamente.

Flores dispostas em densos e condensados racimos espiciformes cilíndricos, apicais, de cor castanho-avermelhado. Espiga masculina mais fina e disposta separadamente e acima da feminina.

A inflorescência feminina, de formato cilíndrico, lembra um grande charuto de cor castanho-avermelhada, medindo até 20 cm de comprimento. Uma inflorescência feminina pode reunir até 200.000 flores. O fruto é filamentoso.

Floração/frutificação
Dispersão –
Anemocórica. Habitat: É característica da Floresta Pluvial da Encosta Atlântica, mas ocorre também na Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pampa e Pantanal. Ocorrências confirmadas: Norte (Pará, Tocantins); Nordeste (Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Sergipe); Centro-Oeste (Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso); Sudeste (Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo); Sul (Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina)

Domínios fitogeográficos: Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pampa, Pantanal. Tipo de Vegetação: Área Antrópica, Floresta Estacional Perenifólia, Floresta Ombrófila (= Floresta Pluvial), Restinga, Vegetação Aquática (MATOS, 2019).

Etimologia
Propriedades fitoquímica –
Os rizomas contêm manganês (Mn), fósforo (P), sódio (Na), potássio (K), zinco (Zn) e enxofre (S). Fitoterapia: O rizoma e o pólen são utilizados na medicina popular como adstringente, diurético, antidiarréico, antidisentérico, antiinflamatório, antianêmico, emoliente e tônico.

Também é indicada para o tratamento de aftas e inflamações dérmicas (uso externo), dismenorréia, dores abdominais, dores estomacais, contusões e luxações, hemoptises, sangramento nasal, hematúria, afecções das vias urinárias e debilidade geral.

Fitoeconomia
Rizomas cozidos –
Os rizomas cozidos são comestíveis e saborosos, assemelhando-se ao palmito, e encerram proteínas (teor semelhante aos grãos de milho), e cerca de 45% de amido, que, previamente processado, pode ser transformado em polvilho. Os brotos novos também são comestíveis, e podem ser ingeridos crus ou cozidos, sendo conhecidos como aspargo dos cossacos. A parte aérea da planta pode ser queimada para obtenção de sal vegetal.

Até mesmo o pólen desta planta possui diversas utilidades, como mistura em pães, sopas, panquecas, bolos e similares, colorir o arroz de amarelo, ou consumidos com mel, sendo que é rico em antioxidantes.

As inflorescências jovens podem ser tostadas ao fogo e consumidas do mesmo modo que o milho. A planta é também é depuradora de águas poluídas, absorvendo metais pesados, inclusive o cobre.

Alimentação de peixes
Fibras –
Os brotos novos também são utilizáveis na alimentação de peixes, principalmente a tilápia. As fibras da planta dão origem a um papel muito resistente, embora muito difícil de branquear. As folhas, também podem ser utilizadas em artesanato, para a confecção de esteiras e trançados diversos.

As fibras dão origem a um tipo de paina muito leve e impermeável, chamado Kapok, que é utilizado como isolante térmico ou para enchimentos em geral, como para os utilizados nos coletes salva-vidas. O pólen das flores é inflamável, e é um sucedâneo do licopódio em pirotecnia.

Injúria
Várzeas –
Crescem espontaneamente em várzeas alagadas, brejos, represas, canais de drenagem e áreas uliginosas em geral.

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