Um reality à moda antiga, sem celulares e redes sociais
Por Mariano Soltys, filósofo e professor

Uma série muito divertida que saiu recentemente é “Amor Offline”. Jovens são levados até Nice, na França, e, sem aparelhos de celular, têm de se conhecer, tendo apenas um guia físico em mãos, além de cartão de crédito e dinheiro.
Jovens carismáticos, alguns deles nunca tendo namorado, procuram o amor nesse reality japonês à moda antiga, sem celulares e redes sociais. Nisso lembra muito o nosso tempo, quando tudo começava com um bilhete, e era necessário conhecer a pessoa com uma boa conversa.
De começo alguns jovens se encontram ao acaso, usando o mapa ao procurar pontos turísticos, restaurantes, brechós, lojas de perfume, etc, e assim vemos um começo de amizade. Longe da moral japonesa permitir uma pegação já em primeira vista. Demorados ao se conhecerem, o máximo que vemos de amor e afeto é se pegar na mão, o que já é descrito pelas meninas como um começo de namoro.
Tempos de nossos avós
Costume – Isso lembra os tempos de nossos avós, quando após algum tempo se pegava na mão. Mesmo ao se pedir ao sogro a mão da pretendente, mesmo tendo ainda logo depois anos de noivado. Moral é uma palavra que tem origem em costume.
O costume japonês tem uma inocência natural, longe das regras de moralidade que se defendem em igrejas, grupos tradicionais ou mesmo conservadores do ocidente. Por lá a coisa não precisa ser imposta, e os jovens se respeitam.
Não se compara aos realities do ocidente, onde as pessoas “brincam com fogo” ou casam no “amor cego” após fogosa lua de mel. Por lá o dorama é real, e quando muito se viu um dos casais ter beijos em selinhos, algo raro por lá, parece. Immanuel Kant é uma prática no Japão, já aqui uma distante filosofia. Cumprir a regra não é nosso costume, nem evitar contato é a nossa moral.
“Amor Offline” retrata bem aquele tempo em que se conhecia alguém de forma lenta, com boas conversas, sem fotos e sem redes sociais, trocando cartas e marcando encontros mais significativos, longe de um amor líquido, de Bauman, que retrata mais os contemporâneos e sua moral.
Algo singular
Casais – A proposta desse programa japonês é algo singular, unido ao grande carisma dos participantes, alguns populares como a Mimi, outros mais românticos e sonhadores, como a Tohko, ou outros que nunca conheceram o amor, como Nanami, e assim por diante. Fato é que alguns casais se formaram.
E, não dando spoiler, o reality é cativante e envolvente, semelhante a “Love Van” ou “Ainori”, ao “Vilarejo do Amor” e outros, que mostram ser possível ter bons valores, moral, amor e mesmo relacionamentos mais significativos. Sem internet isso lembra os tempos antigos, quando todo amor era offline.
WhatsApp – O grupo de WhatsApp do Jornal Edição Digital pode ser acessado clicando aqui.