MARIANO SOLTYS: A QUARESMA CONVIDA À REFLEXÃO

FILOSOFIA DO SUL SÃO BENTO DO SUL

Este período visa a transformação, levando-nos a renascer como uma nova manifestação da carne; o gesto público de cobrir-se com cinzas simboliza arrependimento e humildade

Por Mariano Soltys, filósofo e professor

A Quaresma assume a natureza de uma preparação para o despertar do eu superior que reside em nós, marcada pela presença do Espírito Santo e do Cristo interior. Este período visa a transformação, levando-nos a renascer como uma nova manifestação da carne. O gesto público de cobrir-se com cinzas simboliza arrependimento e humildade, dirigidos essencialmente a Deus.

Nos primórdios do cristianismo, essa prática era adotada principalmente por membros da comunidade que haviam cometido pecados graves. Estes devotos prolongavam seu ato de contrição, utilizando cilícios e dedicando um tempo significativo a essa manifestação de arrependimento.

A simbologia das cinzas, representando a transitoriedade da matéria e a inevitabilidade do retorno do espírito ao céu ou à possibilidade de descida ao inferno, é uma constante na Quaresma. Inicialmente, este período era restrito a três dias antes da Páscoa, mas, ao longo do tempo, foi estendido para 40 dias. O número 40 detém significado especial na Bíblia, associado ao dilúvio de Noé, ao período de peregrinação do povo de Israel no deserto e ao jejum de Jesus.

40 dias
Transformação –
Apesar de não ser um intervalo matematicamente exato, os 40 dias representam uma fase de transformação de consciência, remetendo à luz de Cristo, libertadora do pecado e do erro. Essa experiência guarda semelhanças com votos espirituais, como os praticados pelos Nazireus, contribuindo para o desenvolvimento de práticas ascéticas, como os votos de pobreza e castidade.

A atualidade da Quaresma é desafiada pelo contexto pós-moderno, caracterizado pelo hedonismo, pela busca de facilidades e pelos excessos. Diante da obesidade e das confusões contemporâneas, o conceito de sacrifício em nome de Deus parece distante.

No entanto, a Quaresma convida à reflexão em uma dimensão espiritual, oferecendo práticas que variam desde retiros espirituais até jejuns e abstenção de carne. Em uma época de prazeres imediatos, a Quaresma propõe o cultivo da oração, meditação e caridade como expressões genuínas de renovação espiritual.

Herança e tradição
Atitudes –
Além da abstenção de carne em datas específicas, a Quaresma ressalta a importância de recordar a Palavra de Deus e compreender o significado desses feriados na tradição em que estamos inseridos.

Mesmo diante das atitudes de descrença, reconhecemos a impossibilidade de apagar séculos de herança e tradição. Assim, esse período especial nos conduz a um foco espiritual e ao respeito pelo sacrifício de Cristo, que não apenas nos deu a vida, mas também promete a eternidade do Reino.

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