(Coluna) 8/V/1945

A HISTORICIDADE DAS COISAS Colunas SÃO BENTO DO SUL

EFEMÉRIDE CONHECIDA COMO DIA DA VITÓRIA ASSINALA O FIM DA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL NA EUROPA

Por Wilson de Oliveira Neto, historiador

Na próxima segunda-feira (8), será comemorado o aniversário de 78 anos da vitória aliada na Europa. A efeméride é conhecida como Dia da Vitória e assinala o fim da Segunda Guerra Mundial no continente europeu.

A Segunda Guerra Mundial foi iniciada em 1o de setembro de 1939, com a invasão alemã à Polônia. Trata-se de um conflito militar internacional que envolveu duas coalizões de países lideradas por potências coloniais, industriais e militares de seu tempo, cujas forças armadas se enfrentaram em batalhas e campanhas militares terrestres, navais e aéreas ao longo de seis anos de guerra que consumiram mais de 55 milhões de vidas humanas, a maioria civil.

 “A Segunda Guerra foi total em todos os aspectos: bombardeios, terror, genocídio, guerra dos partisans, o que contribuiu para anular a oposição entre as frentes de batalha e os lares, e, com ela, também a diferença entre os papéis sociais dos gêneros, intensificando o sofrimento comum das famílias”, explica o historiador alemão Reinhart Koselleck.

“CONSCIÊNCIA PÚBLICA” – Ao analisar as relações entre a Memória e a Segunda Guerra Mundial, a acadêmica estadunidense Susan Suleiman afirma que, embora as memórias acerca desse conflito sejam nacionalmente específicas, elas transcendem as fronteiras dos países, não apenas pelas dimensões internacionais da própria guerra, como também pelo Holocausto se tornar cada vez mais um “local de memória”.

Ainda nas palavras de Suleiman, mesmo após o início do século XXI e dos seus eventos históricos inauguradores, não houve o apagamento do “arquivo coletivo das memórias associadas a essa guerra”, fato este que reforça a condição da Segunda Guerra Mundial como o principal acontecimento histórico do século passado, cujos reflexos posteriores “ainda permanecem firmemente alojados na consciência pública”, conforme constatou Suleiman.

O BRASIL – Entre 1942 e 1945, o Brasil participou formalmente do conflito ao lado dos aliados. O ponto alto da participação militar brasileira na guerra ocorreu de 1944 a 1945, com as operações terrestres e aéreas da Força Expedicionária Brasileira (FEB) e do 1o Grupo de Aviação de Caça na frente italiana.

Contudo, é importante informar que, desde o início da Segunda Guerra Mundial, em 1939, os Estados Unidos procuraram atrair o Brasil para a “causa” aliada por meio de diferentes propostas de empregos de tropas brasileiras dentro e fora do continente americano, conforme revelou o historiador Giovanni Latfalla, em seu livro mais recente acerca das relações militares entre o Brasil e os EUA. Foi um longo caminho até a cobrar fumar na Campanha de Itália.

SÃO BENTO DO SUL – São Bento do Sul faz parte dessa história. Durante os seis longos anos de guerra, a imprensa local, representada pelos jornais “O Aço” e “Planalto”, publicaram material fotojornalístico do Eixo e dos Aliados em suas edições, bem como cartas e notas sobre as operações de guerra da FEB na Itália. Dezesseis cidadãos-soldados locais serviram na FEB, segundo trabalho realizado pelo colega professor Carlos Camprestini. A participação local na FEB foi consagrada pelo poder público através de nomes de ruas e de um monumento localizado onde hoje é o Jardim dos Imigrantes, no Centro da cidade.

DIVERSAS FORMAS – Em seu conjunto, essas referências ajudam na constituição de uma memória coletiva sobre a Segunda Guerra Mundial no município de São Bento do Sul, que é evocada e atualizada de diversas formas, a exemplo deste artigo, que visou reforçar a importância de um evento ocorrido há 78 anos e que até hoje é referência para memórias individuais e coletivas em diversos lugares do mundo.

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