Mariano Soltys: A FILOSOFIA DE SAINT MARTIN E CARTAS COM UM ALEMÃO

FILOSOFIA DO SUL SANTA CATARINA

Curioso que tudo isso se passa em época de Revolução Francesa, assim refletindo os ideais de liberdade e igualdade, mas não em âmbito materialista

Por Mariano Soltys, filósofo e professor

A filosofia mística de um teósofo cristão, Saint Martin, é o que me vem ocupando no início das férias, de um livro de cartas que ele troca com um alemão, Kirchberger, de modo que falam muito de outro filósofo alemão, Jacob Böehme, todos conhecidos do meio místico e esotérico, do cristianismo – mais nessa linha.

Curioso que tudo isso se passa em época de Revolução Francesa, assim refletindo os ideais de liberdade e igualdade, mas não em âmbito materialista. Isso fica claro na crítica que o filósofo francês faz dos iluministas, que não o encantavam tanto, como Voltaire, Montesquieu, etc, apesar de ele gostar um pouco da vida de Rousseau, o que parece estranho.

Ele admira o filósofo cristão Pascal, autor de pensamentos, e também critica outros, como Swedenborg, também da linha mística, só que mais espírita, e de Cagliostro, que alguns têm como um pouco charlatão, apesar de ter contribuído para o pensamento de filosofia mística, ademais.

Boa leitura

Iluminados – Saint Martin ainda fala de Sofia, em paralelo com Cristo, e de suas doutrinas, como do Reparador, da Reintegração, Queda, etc. Fato é que nas férias se torna uma boa leitura para quem gosta de esoterismo, teologia, Bíblia, conspirações, sociedades secretas, etc.

Curioso que Saint Martin nesse contexto fala mal dos iluminados, ou falsos, os conhecidos Illuminati, a que ele trata por falsos, por estes serem contra o cristianismo e a Igreja, sendo um tanto materialistas. Os verdadeiros Illuminati seriam cristãos, no entender dele. 

Já o alemão Kirchbauer cita a Madame de Guyon, bem como ouro autores do misticismo, fazendo muitas perguntas para Saint Martin. Ocorre que durante essas cartas, além da Revolução Francesa, ocorreu a morte de pai de Saint Martin, que já vinha adoecido, bem como da filha de Kirchbauer, o que coloca mais dificuldade nessa troca filosófica entre ambos.

Fraternidades místicas

Reencarnação – Também a dificuldade a que ambos têm com o alemão, a língua, dificultam a leitura de Jacob Böehme, que é muito admirado e que reconhece não ser digno de calçar os sapatos.  Curioso que ainda falam de santos, de uma freira carmelita, a que elogiam, diferente do padrão esotérico, que parece ter muita diferença com a visão católica das coisas, mas aqui não tanto, nesse exemplo.

Fato é que a luz maior estava no alemão, e na Alemanha, e assim parece ter sido nesses movimentos místicos, que depois partem para os EUA e que aqui chegam, nas escolas e fraternidades místicas, a que muito devem também a Saint Martin, bem como a Cagliostro, Swedenborg, etc.

Também curioso é o questionamento da reencarnação, bem como de determinados fenômenos, feitos por Saint Martin. O espiritismo era talvez menos compreendido e ainda envolto de preconceitos dos outros na época.

Sabedoria da correspondência

Teologia e filosofia – Fato é que a sabedoria da correspondência entre Saint Martin e Kirchbauer se mantém ao longo das cartas trocadas. Também eu com meu amigo Cléverson Israel Minikovsky teríamos escrito livros sobre cartas, no caso “As 70 cartas do baralho filosófico”, bem como “As cartas entre um Católico e um Evangélico”, também com muitos assuntos relevantes de teologia e filosofia. Boas férias a todos.

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