Mauro Stiegler: SENTIMENTO DE CULPA E A AUTOSSABOTAGEM

DIMENSÕES DO CONTEMPORÂNEO SÃO BENTO DO SUL

QUE TAL SE AGRADAR UM POUCO MAIS PELO BEM DA PRÓPRIA SAÚDE?

Por Mauro César Telesphoros Stiegler, psicólogo clínico

O sentimento de culpa, esculpido na consciência do indivíduo, transforma-se em complexo rígido e, por sua vez, bloqueador severo da energia psicobiológica de quem o experimenta.

Libertar-se da culpa que se sente requer antes de tudo reconhecer e aceitar que a condição de ser humano é passível de equívoco; depois de aceitar é preciso novamente se responsabilizar pelo porvir; durante esse processo é preciso acolher-se; dialogar com a nossa criança interna ferida ou com o adulto culpado que há em nós, abraçando-os mutuamente e procurando fazê-los entender que foi a imaturidade que os fez equivocarem-se.

Geralmente pessoas que carregam sentimentos de culpa têm uma estrutura psicológica de “bode expiatório”, que por sua vez é aquela de carregar o mundo nas costas e que serve de despejo da toxidade do grupo familiar, relacional ou social que está em sua volta.

Jornada existencial – Em síntese, são estruturas que ao longo da jornada existencial se fizeram frágeis, inconscientemente aceitando o slogan de “ovelhas negras” ou simplesmente de “culpados por tudo”, fazendo que na atualidade sintam as dores e dramas das punições que constroem para si mesmas na ânsia de se sentirem mais aliviadas.

Finalizando: pessoas que carregam sentimentos de culpa são as que mais se autossabotam; são as que não caminham, senão com um peso enorme de uma cruz sem sentido, que as faz apenas atravessarem a vida pagando por erros que jamais cometeram, mas que aceitaram como sendo seus, compondo assim chagas sangrentas nos ombros psicológicos da própria existência.

Libertar-se do sentimento de culpa exige na maioria das vezes desagradar, e, se for assim, que tal desagradar e agradar-se um pouco mais pelo bem da própria saúde?

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