PAULO SCHWIRKOWSKI: O NOSSO PINHEIRO-BRASILEIRO

FLORA SBS SÃO BENTO DO SUL

A copa sofre mudanças ao longo da vida, pois no início tem a forma de guarda-chuva, e depois passa a ter a forma de cálice

Por Paulo Schwirkowski,
pesquisador botânico

Nomes populares Pinheiro, pinheiro-do-paraná, pinheiro-brasileiro.

Nome científico: Araucaria angustifolia (Bert.) O. Kuntze.

Sinônimos
Araucaria angustifolia var. alba Reitz
Araucaria angustifolia var. caiova Reitz
Araucaria angustifolia var. caiuva Mattos
Araucaria angustifolia var. dependens Mattos
Araucaria angustifolia var. indehiscens Mattos
Araucaria angustifolia var. monoica Reitz
Araucaria angustifolia var. nigra Reitz
Araucaria angustifolia var. sancti-josephi Reitz
Araucaria angustifolia var. semialba Reitz
Araucaria angustifolia var. stricta Reitz
Araucaria angustifolia var. vinacea Mattos
Araucaria brasiliana A.Rich.
Araucaria brasiliana var. elegans (Carrière) L.H.Bailey & Raffill
Araucaria brasiliensis var. saviana (Parl.) Parl
Araucaria brasiliensis Loudon
Araucaria dioica (Vell.) Stellfeld
Araucaria elegans Carrière
Araucaria ridolfiana Pi.Savi
Araucaria saviana Parl.
Columbea angustifolia Bertol.
Columbea brasiliana (A.Rich.)
CarrièrePinus dioica Vell.

Mudanças
Família – Qual> Araucariaceae. Tipo: Nativa, não endêmica do Brasil. Descrição: Árvore com altura de 10 até 60m, tronco retilíneo e cilíndrico, com 50 até 180 cm de diâmetro. Casca externa grossa, com cor marrom-arroxeada, persistente e áspera. A copa do pinheiro sofre mudanças ao longo da vida, pois no início tem a forma umbeliforme, ou seja, em forma de guarda-chuva, e depois passa a ter a forma de cálice, ou caliciforme.

As folhas são simples, espiraladas, lanceoladas, coriáceas, pungentes, com 3-6 cm de comprimento, por 0,5-1 cm de largura. As flores são dióicas, sendo as femininas em estróbilos, conhecidos como pinhas, e as masculinas são cilíndricas, alongadas e com escamas coriáceas. Medem de 10 a 22 cm de comprimento, por 2 a 5 cm de diâmetro.

Característica
Floração/frutificação – Frutifica nos meses de abril e maio. Dispersão: Zoocórica. Habitat: O Pinheiro é uma árvore perenifólia, heliófita, pioneira e característica das regiões de altitude da Floresta Ombrófila Mista, ou Mata de Pinhais, é a espécie dominante no dossel superior da floresta, mas ocorre também na Floresta Ombrófila Densa e Floresta Estacional Decidual. Geralmente é encontrada em regiões com mais de 500m de altitude, estando associada ao Pinheiro-bravo – Podocarpus lambertii.

Distribuição geográfica
Ocorrências confirmadas – Sudeste (Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo); Sul (Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina). Domínios Fitogeográficos: Mata Atlântica. Tipo de Vegetação: Campo de Altitude, Floresta Estacional Semidecidual, Floresta Ombrófila Mista) (IGANCI, 2019).

Etimologia
Propriedades – Fitoquímica: Composição por 100 g de parte comestível: Calorias, nutrimentos e minerais; Calorias 282, Proteínas 5,3(g), Lipídios 1,3(g), Glicídios 62,1(g), Fibra 17,1(g), Cálcio 37(mg), Fósforo 78(mg), Ferro 6,5(mg); Composição por 100 g de parte comestível: Vitaminas; Vitamina B1 1,28(mg), Vitamina B2 0,23(mg), Niacina 4,5(mg).

Fitoterapia –O chá das folhas é diurético e utilizado para combater bronquite, asma, tosses, catarro problemas nos rins, combate à anemia. O óleo obtido do fruto é indicado contra dores musculares, articulares, infecções e catarro pulmonar.

Fibra alimentar
Fitoeconomia – As duas maneiras mais comuns de se cozinhar os pinhões são na brasa e na água. Mas existem muitas outras formas de saborear este alimento, dos aperitivos às sobremesas, passando por carnes de panela e farofas. Os pinhões cozidos possuem índice glicêmico 23% menor em relação ao pão branco.

Além de ser uma boa fonte de amido, também é importante fonte de fibra alimentar e de minerais como magnésio (Mg) e cobre (Cu). Os brotos da ponta dos ramos também são utilizados ocasionalmente como alimento, é o popular mata-fome. Existe também a produção artesanal de licor produzido a partir da essência das folhas.

Comentários – Na língua Guarani é chamado de Kuri’y, é uma árvore que está fortemente associada ao universo dos elementos simbólicos da cultura guarani, sendo um importante referencial cosmológico do grupo. É a provável origem do nome do município de Curitiba/PR. Devido à qualidade de sua madeira, o pinheiro encontra-se nas Listas de Espécies Ameaçadas de Extinção, sendo considerada rara.

A propagação da espécie depende decisivamente da ave chamada Gralha-azul, pois esta, ao esconder os pinhões no solo para serem consumidos mais tarde, esquece-os ali, facilitando o nascimento de um novo indivíduo.Existem (apesar de raríssimas) pelo menos quatro variedades de pinheiro no Sul do Brasil que fornecem frutos comestíveis.

Maturação
São elas
– O pinheiro (Araucaria angustifolia var. angustifolia), cuja maturação dos frutos dá-se nos meses de abril e maio (esta é a espécie mais comum atualmente), o pinheiro-caiova (Araucaria angustifolia var. caiova), maturando entre junho e julho, o pinheiro-macaco (Araucaria angustifolia var. indehiscens), de agosto a janeiro, na qual o pinhão não cai da pinha; e o pinheiro-são-josé (Araucaria angustifolia var. sancti josephi), com a maturação em fevereiro e março.

Sobrevivência
Curitiba –
Este fornecimento de pinhões durante todo o ano era essencial na sobrevivência dos povos indígenas que habitavam as regiões de Mata de Araucária.

Fonseca (1922) afirmava a respeito do pinheiro: “… as cinzas provenientes da queima da casca contém muita potassa, que é empregada no fabrico do sabão…”.

“…Produz uma resina aromática, substituta da terebintina dos pins e sapins europeus…” “… Coritiba (hoje Curitiba) deve o nome à abundância do pinheiro, visto significar em língua indígena muito pinhão: curi = pinhão, e tuva, donde tiba = muito.

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