Quantos colegas deverão adoecer e morrer para que algo, de fato, seja feito?
Por Wilson de Oliveira Neto, historiador

“A Historicidade das Coisas” é uma coluna de divulgação de História com o objetivo de contribuir com a popularização do conhecimento histórico entre as pessoas. Contudo, vou pedir licença para quem a acompanha para, na coluna de hoje, tratar de um problema que está comprometendo a qualidade da educação básica oferecida ao público e, principalmente, a saúde dos professores.
Trata-se da burocratização excessiva do trabalho docente por meio do preenchimento contínuo de formulários online variados, de cobranças insanas feitas pelos feitores da educação, de recuperações de provas e demais atividades avaliativas que são um fim em sim e, principalmente, da cobrança de resultados típicos de uma burocracia que entende absolutamente nada de Educação.
Níveis de planejamento
Cobrança – Na rede pública estadual de ensino em Santa Catarina, por exemplo, há três níveis de planejamento que os professores devem realizar: anual, mensal e por aula. Fora a obrigação de realizar recuperações de todas as atividades avaliativas realizadas pelos professores, cujas notas são inferiores a 7,0 (sete). Para piorar, foi estabelecida uma cadeia de cobrança que resulta em professores sendo acionados pelo WhatsApp fora do seu horário de trabalho.
Desumanização
Críticas severas – No Paraná, a desumanização do ofício de professor resultou no falecimento de duas docentes da Educação Básica em escolas públicas estaduais. Em matéria publicada em um portal de notícias, foi informado que uma das instituições de ensino faz parte do programa de terceirização da administração escolar implantado pelo governo paranaense e que o modelo é alvo de críticas severas pelos professores e sindicatos devido ao agravamento das condições do trabalho docente.
“Tempos Modernos”
Filme – Tal como no filme “Tempos Modernos”, os profissionais da educação em sala de aula estão aprisionados em um modelo desumano e ineficiente de trabalho, que é justificado por um verniz de racionalidade e planejamento. Sinceramente, gostaria de trocar uma ideia com as pessoas responsáveis pela situação e tentar compreender o que se passa em suas cabeças e como que justificam tais barbaridades.
“Estrutura” educacional
Meliante – Professores estão adoecendo e morrendo! Quando não é um meliante agredindo fisicamente e verbalmente um professor, é a própria “estrutura” educacional que o vilipendia. Quantos colegas deverão adoecer e morrer para que algo, de fato, seja feito? Nós, profissionais da educação em sala de aula, temos de reagir!
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