Análise sobre o brasileiro no Japão e o Cristianismo
Por Mariano Soltys, filósofo e professor

Recentemente surgiu um bom vídeo de um brasileiro que vive há vinte anos no Japão, com o tema: por que o Cristianismo não ter prosperado no Japão? Ocorre que ele falou do caso de um amigo que por lá teria lhe dado uma lição, após ter lido uma espécie de quadrinho sobre o cristianismo, proveniente possivelmente de uma evangelização.
A lição se resume em que para uma vida em que se cumpre as leis, em que as pessoas se ajudam, o japonês já fazia isso, sendo já o que o cristianismo busca, segundo o autor do vídeo, ao comentar seu conhecido. Disse que o cristão quer ser japonês, o que já era. A vontade dos cristãos seria se tornar japonês.
Jesuítas
Série de confusões – Curioso que no passado existiu uma missão de jesuítas defendendo que Jesus teria morrido no Japão, tido três filhos e alguma lenda a mais. Mas mesmo assim o cristianismo não cresceu no Japão, seja pelo esforço de “ide e pregai o evangelho”. Ocorre que nisso tudo há uma série de confusões.
Primeiro que o cristianismo não é legalista, o que já era papel de fariseus, conforme os evangelhos ensinam, e mais Paulo ainda reforça, que a lei não salva, mas sim a graça. Assim a morte de Nosso Senhor Jesus na cruz já nos salvou. Não é o simples cumprimento de lei, ou algo semelhante, seja por dez mandamentos, ou pecados capitais, etc, que seria o sentido do cristianismo.
Amigo inspirador
Milagre – Nisso também bastaria ao japonês, ou seu amigo inspirador, ter lido a Santo Agostinho, mesmo outros autores, mesmo Lutero ou até mesmo a Calvino. A questão cristã vai muito além de cumprir leis ou ajudar as pessoas.
O milagre da cura, da ressurreição, ou mesmo outros. Não vemos japoneses andando sobre as águas nem ressuscitando mortos. Nem as japonesas têm filhos, sem conhecer um marido.
Budismo
Meditação – Mas é uma cultura maravilhosa, que muito admiro. Respeito o budismo, o xintoísmo, e algo que o rapaz do vídeo não falou, mas que japoneses descendentes o gostam por aqui: a Seicho-No-Ie.
Essa escola ou filosofia une o xintoísmo, o budismo e ainda o cristianismo. Então os japoneses admiram, sim, o cristianismo, e isso é citado nas obras de Seisho Taniguchi e Masaharu Taniguchi.
A busca do Jissô, o mundo da imagem verdadeira, se assemelha ao Reino dos Céus, a que Jesus teria prometido. As doenças não existem, o que mostra a sua cura, na Seicho-no-iê. O Reino está dentro de nós, e isso aparece na meditação shinsokan, desse grupo. Logo, os japoneses podem admirar o cristianismo, quando se lembra a Seicho-no-iê, numa grande lição de sabedoria.
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