Wilson de Oliveira Neto: UM DESSERVIÇO À EDUCAÇÃO

A HISTORICIDADE DAS COISAS SANTA CATARINA

AO INVÉS DE TER MEDO DOS LIVROS E RECOLHÊ-LOS, O GOVERNO ESTADUAL PODE PROMOVER CONCURSOS PÚBLICOS PARA A CONTRATAÇÃO DE BIBLIOTECÁRIOS GRADUADOS PARA GERENCIAREM AS BIBLIOTECAS ESCOLARES

Por Wilson de Oliveira Neto, historiador

Os livros, como os conhecemos, surgiram na Europa, no começo da Idade Moderna, nos contextos da invenção e da expansão da prensa de tipos móveis cujo desenvolvimento é atribuído a Johannes Gutenberg, por volta de 1450, no que é hoje a Alemanha.

O nascimento do livro moderno ocorreu paralelamente a outros eventos históricos que impulsionaram o nascimento das línguas modernas e a expansão da palavra escrita e da leitura. Em seu livro Comunidades imaginadas, Benedict Anderson (1936-2015) constatou a importância das línguas vernáculas e suas versões impressas para o aparecimento das primeiras comunidades nacionais no Ocidente, durante o século XVIII.

Impressos ou digitais

Acesso – Após quase 475 anos da invenção de Gutenberg, os livros fazem parte do nosso cotidiano, sejam eles impressos ou digitais. De uma forma geral, a sociedade considera os livros essencialmente bons. Independente dos seus títulos, autores e conteúdos, defende-se que o acesso a eles seja livre, embora, no contexto escolar, é admitida a mediação de um professor ou bibliotecário.

O Ofício Circular 2947/SER/2023, de 7 de novembro, ordenou o recolhimento de um conjunto de nove obras que deveriam ser “retiradas de circulação e armazenadas em local não acessível à comunidade escolar”. No disse me disse das redes sociais, a ordem foi interpretada de maneiras diversas, sempre com aquele insuportável viés político de um País ainda polarizado.

Imagem de Santa Catarina

Fato bruto – Contudo, como profissional da Educação e da História, tenho algo a dizer sobre o caso. Reprovo completamente a ordem que prestou um desserviço para a educação e a imagem de Santa Catarina fora das suas fronteiras. Considero esse fato fruto de uma completa falta de compreensão sobre o cotidiano escolar e das bibliotecas da rede pública estadual.

Afinal, segundo informações fornecidas pelo Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Santa Catarina (Sinte-SC), das 225 escolas estaduais em funcionamento, 181 possuem bibliotecas, enquanto 16 unidades escolares tiveram suas bibliotecas desativas e 28 sequer possuem bibliotecas. Para piorar, as bibliotecas existentes são “cuidadas” por professores, não por bibliotecários. Novamente, a gestão da educação pública estadual está nas mãos de gente despreparada.

Acondicionamento e manuseio

Estantes – As estantes das bibliotecas são os lugares dos livros, que devem estar à disposição do público. Nas escolas, cabem aos bibliotecários e professores orientarem a prática da leitura dos estudantes. Afinal, são eles as pessoas capacitadas profissionalmente para essa tarefa.

Ao invés de ter medo dos livros e recolhê-los, o governo estadual pode promover concursos públicos para a contratação de bibliotecários graduados para gerenciarem as bibliotecas escolares, além de melhorar a infraestrutura das bibliotecas por meio de reformas e renovação do seu mobiliário e demais recursos indispensáveis para o acondicionamento e manuseio dos livros.

WhatsApp – O grupo de WhatsApp do Jornal Edição Digital pode ser acessado clicando aqui.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *