DIEGO ANDRADE: POR QUE A DIREITA É CONTRA TAXAR OS SUPER-RICOS

POLITICANDO SÃO BENTO DO SUL

Porque defende os interesses de uma elite que lucra com um sistema injusto

Por Diego Andrade, professor

Em meio ao debate sobre justiça fiscal e combate à desigualdade, uma pergunta se impõe com urgência: por que a Direita brasileira é tão contrária à taxação dos super-ricos e de grandes patrimônios? A resposta é simples – e brutal: porque defende os interesses de uma elite econômica que lucra com a manutenção de um sistema injusto, ou seja, quem tem menos paga mais, e quem tem mais paga quase nada.

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Distorções históricas
Alinça –
Ao longo dos últimos anos, toda tentativa de corrigir distorções históricas no sistema tributário brasileiro foi sabotada por uma aliança entre o mercado financeiro, grandes empresários e seus representantes no Congresso — boa parte deles eleitos com dinheiro dessa própria elite.

A Direita política, especialmente os partidos liberais e conservadores, se coloca como guarda-costas dos super-ricos, travando qualquer proposta de taxar grandes fortunas, heranças bilionárias, fundos exclusivos e lucros enviados para paraísos fiscais.

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Discurso
Mesmice –
O discurso é sempre o mesmo: “Vai espantar investidores”, “vai prejudicar o crescimento”, “vai tirar dinheiro de quem gera empregos”. Mas esses argumentos não se sustentam quando comparados com a realidade de países desenvolvidos — como Alemanha, França e até os Estados Unidos —, onde os ricos são muito mais tributados do que no Brasil e as economias continuam fortes.

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Ações na Bolsa
Arroz e feijão –
A verdade é que o Brasil possui um dos sistemas tributários mais injustos do mundo. A base da arrecadação está nos impostos indiretos, pagos no consumo. Ou seja, um trabalhador que compra arroz e feijão paga proporcionalmente mais imposto do que um milionário que lucra com ações na Bolsa. Isso é o oposto de justiça fiscal — é privilégio institucionalizado. E é exatamente isso que a direita quer preservar.

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Liberalismo distorcido
Fator ideológico – Além disso, há um fator ideológico. A Direita brasileira adotou um liberalismo distorcido, que prega “menos Estado” apenas para os pobres, enquanto garante todas as regalias para os ricos: isenções fiscais, renúncias bilionárias, perdões de dívidas, blindagem patrimonial e resistência total a qualquer tentativa de redistribuição de renda por meio da tributação. É o velho “Estado mínimo” para a maioria e “Estado máximo” para a elite.

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O que se vê no Congresso é a Direita barrando propostas como a taxação de fundos exclusivos, offshores, grandes heranças e lucros e dividendos — enquanto finge se importar com “reformas” que, na prática, apenas mantêm os privilégios dos muito ricos. Ao mesmo tempo, segue votando contra políticas públicas que beneficiariam milhões, como investimentos em saúde, educação e assistência social.

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Postura perigosa
Colapso –
Essa postura não é apenas imoral. É perigosa. Manter um país profundamente desigual como o Brasil sob um sistema tributário regressivo é uma receita para o colapso social. Sem justiça fiscal, não há justiça social. Sem distribuição de riqueza, não há democracia real – apenas um simulacro, dominado por uma minoria barulhenta que dita as regras do jogo.

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Sociedade
Resistência –
A taxação dos super-ricos e de grandes bens não é uma pauta “ideológica” da Esquerda. É uma exigência mínima de qualquer sociedade que se pretenda minimamente justa. A resistência da Direita revela que seu compromisso não é com o povo, nem com o País – mas com uma elite que prefere manter seus lucros intactos, mesmo que isso custe o futuro de milhões.