ROBSON RODRIGUES: POETIZAR ATÉ QUE FALTE AR

ESFINGE (Devaneios e afins) SÃO BENTO DO SUL

“Me pediram aos berros / Um poema assim / Duro / Quase esturro de futuro / Sem flores / Nem colibri / Corri e escrevi”

Por Robson Rodrigues,
ator e diretor teatral

Encomenda
Poema

Me pediram aos berros
Um poema assim
Duro
Quase esturro de futuro

Sem flores
Nem colibri

Corri e escrevi

Nasceu torto, semimorto
Do avesso, travesso
Atravessado de saudade

Remelento como os meninos que moram
Roubam
E brincam
Nas praças.

Um parto sem graça
Existência opaca
Pressa e pressão

Foi visto
Manchado,
Esquálido
E segurando afiado punhal

Em suas poucas
Linhas depõe
Decompõe denúncias

Causou medo e ânsia
Tamanha a repugnância
De cada verso

Pretendia ser perverso
Faltou força

Sobraram
Fome e insanidade
Frio e chuva na cara

Raro é ser feliz
No lusco fusco
Que termina
Borrado da foto sem foco

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