Mariano Soltys: A LUTA DE CLASSES EM “SURVIVING PARADISE”

FILOSOFIA DO SUL SANTA CATARINA

É UM DOS MELHORES REALITIES, APESAR DA SOBREVIVÊNCIA SE RESUMIR A COMER FEIJÃO E ARROZ, O QUE OS BRASILEIROS JÁ FAZEM NO COTIDIANO

Por Mariano Soltys, filósofo e professor

Do mesmo estúdio produtor do “Círculo”, Studio Lambert, o reality novo mostra pessoas que começam no luxo e iates, para após chegarem à realidade do programa, que se desenrola com provas e votos, em um perfil democrático e um tanto equitativo, levando a justiça ao modo dos participantes, nas escolhas de quem fica na vila luxuosa, insiders, ou quem vai para a selva, outsiders.

Assim como em “Círculo”, os integrantes interagem e se socializam, formando grupos, elaborando estratégias e estando na classe superior, a que chamam vila, ou na selva, a que se tem de viver sem banho, escova de dente, confortos, dormindo em rede ou em sacos.

Concorrendo ao prêmio de US$ 100 mil, passando ao final sendo em US$ 200 mil, ou mesmo R$ 250 mil, de modo a se lutar de forma maquiavélica para ser finalista nas provas e votações. O desafio no paraíso não esconde as serpentes de tentação, e a primeira que cai nesse sentido é a que manipula e quer se tornar líder, no caso Thabita.

Há quem forme um casal, envolto de paixão, como a Taylor e Shea, e um destes tira a oportunidade do outro de ser finalista. Há quem use óculos de fundo de garrafa para gerar pena ou a imagem de bom moço, e outros participantes simpáticos e espertos.

Sociedade capitalista

Luxo e conforto – Semelhante à sociedade capitalista descrita em filosofia do materialismo histórico, a luta de classes se mostra presente nesse reality, no qual a classe superior quer se manter no luxo e conforto, enquanto a classe dos exilados planeja um modo de subir de classe e ir para a vila luxuosa, apesar da alienação de discursos como ser altruísta, ser fiel a equipe, ouvir choro de amiga que diz ter maior motivo para ganhar o prêmio, e tantas outras estratégias.

A alienação mantém as classes divididas, e quem mora no exílio na realidade dificilmente sairá da classe vulnerável, e quem é burguesia continua na burguesia. Mas no jogo tudo é mais fácil.

A democracia vence

“Líderes” – No final aqueles que já estavam na “vila”, continuam e são votados para ver quem é o vencedor. Daqueles que estão exilados, também se voltam para um deles apenas subir de classe social. Mesmo assim, a democracia vence e todos votam na pessoa que mais merece ganhar, e assim os que se viam como “líderes”, acabaram perdendo para a amiga da favorita, Linda Okoli, que acabou vencedora, dividindo ainda com a amiga.

A expectativa era se o Shea ganhasse, se este iria dividir com a namorada, mas não acabou levando o prêmio. “Surviving Paradise” é um dos melhores realities, apesar da sobrevivência se resumir a comer feijão e arroz, o que os brasileiros já fazem no cotidiano.

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