ALGUNS CONCEITOS NEM SEMPRE CORRESPONDEM À VONTADE GENUÍNA DO INDIVÍDUO
Por Mauro Cesar Telesphoros Stiegler, psicólogo clínico
“Eu prefiro ser essa metamorfose ambulante do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo” (Raul Seixas)
Há mais de um século, Freud falou e escreveu sobre o potencial de adoecimento do corpo e da mente tendo em vista o sujeito que vivia sob padrões rígidos e repressivos.
Explicando: conceitos como “Engole o choro”, “Sou assim e não mudo”, “Nasci com essa crença e vou morrer assim” e “É assim mesmo, fazer o quê?” são estados interiores de inflexibilidade que nem sempre correspondem à vontade genuína do indivíduo.
Marcadamente as civilizações ocidentais trazem como marca uma rigidez que ultrapassa o conceito de rigidez sólida para algo do tipo “rigidez petrificada” (como se toda a rigidez assim já não fosse).
Não bastasse já esta herança antroposociopsicocultural que amaldiçoa-nos com a praga da rigidez e de que temos que ter ideias inemovíveis, contamos agora, de uns 6 anos para cá, com os discursos polarizados da política brasileira.
VIBRAÇÃO SONORA – Se você votou em alguém, não tem o direito de reclamar e nem mudar de ideia; se não vota na Esquerda extrema ou na Direita extrema, estaria em cima do muro; se batizou-se em uma religião morra nessa mesma crença…
Ora, pois, somos seres em desenvolvimento, em constante aprendizado; as experiências e a própria maturação individual fazem com que amanhã eu prefira açaí ao invés de cerveja. Mas espera, você não pode, tem que ser “homem de uma palavra só”, uma vez X, sempre X, e blá-blá-blá.
Expressar-se, dizer sim e não com vibração sonora no peito e no ar, desde que com o devido respeito às opiniões contrárias, é saúde, é longevidade.
Em um célebre livro intitulado “A Biopatia do Câncer”, do psicanalista e depois psicoterapeuta corporal Wilhelm Reich, fica demostrado de forma científica e brilhante o quanto a rigidez, o não se permitir ser quem realmente somos adoece-nos, de forma grave e irreversível muitas vezes.
ARRISCAR MAIS – Portanto, não mudar, enrijecer-se, seriam formas diversas e subjetivas de adoecer, sim.
Por isso pensei que um pouco mais de Raul Seixas, com sua metamorfose ambulante, nos cairia bem neste 2023
Cada qual a seu modo; permitir-se mudar de ideia, de partido político se for o caso; de religião se por acaso não estiver encontrando respostas e conforto naquela que está comungando no momento; experimentar um novo estilo musical ou uma nova forma de vestir-se. “Mudar” seria a palavra; arriscar mais, se explorar.
REAIS VALORES – A vida será mais vida se for tecida em experiências cada vez mais pujantes e fiéis aos teus reais valores; aqueles que você acredita e que te fazem bem. Saindo disso é movimento de agradar meia dúzia e em troca receber frustrações e indiferença.
Meus desejos são aqueles de uma vida mais audaciosa, mais corajosa e de fidelidade a si mesmo.
Em outras palavras, uma vida em constante metamorfose!
Saúde existencial a todos.
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