Confira os versos do autor do livro “Pão de Pântano”
Por Elvis Lozeiko
Aplausos não servem, mesmo querendo.
Navalhas da igreja desenham formas estranhas,
Essa idade foi construída por jovens genes.
Olha a imensidão! Veja as nuvens perdidas!
Os truques são vistos, também.
Os mísseis disparam controvérsias,
Soldado de chumbo? Continua marchando
Rumo ao precipício imaginário.
Cores nunca vistas imperam no infinito,
O satélite busca algo no palheiro,
E a colheita é destinada à desnutrição.
Tem um rio nas águas calmas,
Nas águas calmas do pensamento,
E o telescópio faz amar sem perdoar.
O computador inventou o fogo,
A pré-história e um mundo inexistente.
Nunca o perdemos, jamais o encontraremos,
Porque só existem marcas velhas.
Precisamos inventar novos modelos roubados,
O inconsciente, que nos conhece do berço,
O estrago da vida (o ex-trago da vida)
Foi lhe conhecer muito bem
E ser sincero além da conta.
São almas e armas,
Dúvidas e dívidas,
Cigarros fajutos e charutos cubanos,
Sem falar daquele beijo,
Daquele beijo sem gosto de beijar.
Aqueles sonhos calejados,
Que explodiram na noite tensa,
Recheados de combustíveis,
Causando admiração à chave de água.
Mamãe grita de longe: “Acorde”.
Mas a noite é eterna, a noite já se foi.
E a lama, em forma de concreto,
Deixa as bonecas velhas para trás,
Desprezando o período fértil,
Configurando brinquedos inéditos.
Como o gnomo cético,
Que só sabe pichar:
“Eu sou normal”.
Como o abutre sem asas,
Que só sabe pensar:
“Não quero mais voar”.
Como o lagarto com febre,
Que só sabe dizer:
“Cansei de rastejar”.
*Copyright “Pão de Pântano” (Elvis Lozeiko; Editora Nova Letra; Págs. 71 e 72). Adquira o livro clicando aqui.
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