Não entendo como podemos ser tão agressivos e arrogantes com os nossos próprios colegas
Por Wilson de Oliveira Neto, historiador

No texto anterior publicado nesta coluna, abordei o Dia dos Professores e como que a efeméride me incomoda. Geralmente, não gosto de me prolongar nos assuntos que trato publicamente, pois para “bom entendedor, meia palavra basta”, como afirma um ditado popular.
Contudo, o professor da Educação Básica que foi agredido pelo pai de uma das suas alunas, em uma escola localizada no Distrito Federal, e a repercussão entre os meus colegas da Prova Nacional Docente (PND), aplicada no dia 25, fazem-me perguntar sobre o que há entre nós, professores.
Opiniões
Socos – Eu não entendo como podemos ser tão agressivos e arrogantes com os nossos próprios colegas, especialmente, quando suas opiniões são diferentes daquilo que consideramos corretas ou verdadeiras. Não compreendo em que momento da graduação ou da vida profissional, a gente de se tornou tão insensível e tão politicamente enviesada.
No caso do professor que tomou socos de um pai de aluna desequilibrado, independente dos antecedentes do colega, a sala onde ele estava foi invadida, sendo atacado pelo pai da estudante. Até a fantástica fábrica de desmoralização de reputações publicar uma matéria relevando que o professor era bolsonarista e cheio de atitudes, sim, antiéticas, a comoção foi geral.
Contudo, bastou o fantasma do bolsonarismo ser conjurado, que o sujeito se tornou vilão, sendo responsável pela surra que tomou. Lição aprendida: a solidariedade docente vai até descobrirmos em quem nossos colegas votaram nas últimas eleições!
Treta
Desequilíbrio – Sobre a PND, a treta foi a seguinte: uma prova longa, cansativa, na qual houve um desequilíbrio entre itens de conhecimento específico e pedagógico. Nas redes sociais, muita reclamação, algo normal, absolutamente normal (como diria o meu amigo Waldir). Novamente, o que constatei foi uma falta tremenda de empatia com os colegas que sentiram dificuldades, sendo acusados de “conteúdistas”, que ignoravam as dimensões pedagógicas da Educação.
A classe profissional à qual pertenço não é um mar de rosas e, naturalmente, como em todas as profissões, temos colegas com graus variados de competências éticas e técnico-científicas. Mas, é muita agressividade e, pior, expressa publicamente, que somente piora a imagem pública a nosso respeito.
Ética
Atitudes – Já passou da hora de curricularizarmos a ética no ofício de professor nos cursos de licenciatura. E, principalmente, criarmos meios de reforçarmos nossa identidade profissional. Pois, se desejamos que a carreira docente seja valorizada, temos de começar entre nós, com atitudes mais inclusivas e solidárias.
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