PALESTINOS E ISRAELENSES SÃO MORTOS BRUTALMENTE PELAS RESPOSTAS MILITARES DE ISRAEL OU PELO TERRORISMO DO HAMAS; LADOS OPOSTOS DE UMA MESMA MOEDA
Por Wilson de Oliveira Neto, historiador
Há um mês, a opinião pública acompanha a tragédia de mais uma guerra entre palestinos e israelenses na Palestina, região histórica que, segundo o seu plano de partilha, aprovado pela Assembleia Geral da ONU em 1947, deveria abrigar os Estados de Israel e da Palestina.
Palestinos e israelenses estão em estado endêmico de guerra desde 1948, quando da fundação de Israel, em um “moto-contínuo” de violência que se estende por gerações, governos, grupos paramilitares e períodos históricos, em que a maior parte das suas vítimas são civis israelenses e palestinos. Violência que, após 75 anos, se tornou um fim em si, camuflada pela demagogia do Hamas ou do governo de Israel.
Esquerda e Direita
Guerras usadas – No Brasil, como em outros lugares do mundo, as guerras na Palestina são usadas tanto pela Esquerda quanto pela Direita. A primeira insiste em interpretar as organizações paramilitares, como o Hamas, e suas lutas armadas por meio do terrorismo como formas de “resistência” contra a Israel, em uma expressão tardia da antiga tese da luta anticolonial defendida pelos PCs do século passado.
Já a Direita brasileira, carente de identidade e de lutas históricas, adotou Israel como um país para chamar de seu. E, pior: por meio de uma interpretação anacrônica do Antigo Testamento, deu origem a uma leitura bizarra acerca da existência de Israel conhecida genericamente como “sionismo cristão”.
Mercado da informação
Civis – Enquanto isso, no outro lado do mundo, civis palestinos e israelenses são mortos brutalmente pelas respostas militares de Israel ou pelo terrorismo do Hamas. Lados opostos de uma mesma moeda.
Para piorar, o mercado da informação faz a festa com likes, comentários e compartilhamentos de um espetáculo de horrores que se tornou banal em nossos celulares. O que houve conosco?
Quando leio ou vejo adultos e crianças mortos pelo Hamas ou por Israel sinto um horror tremendo, pois vejo-me no lugar dessas vítimas. Soa-me de uma hipocrisia tremenda falar de “resistência” ou de “defesa” quando uma granada é jogada contra o quintal de uma residência ou um helicóptero de ataque destrói uma área urbana habitada por civis. Caramba, o que há na cabeça de pessoas que acham isso justo?
“1984”
Triste – Entendam uma coisa: não há guerra justa! Muito menos guerra limpa! Na Palestina, em particular, tal como no mundo descrito por George Orwell, no livro “1984”, a guerra se tornou um fim em si, independente dos discursos.
Talvez esse seja o lado mais triste disso tudo. Pelo menos, até a próxima guerra que será oferecida ao público pelo mercado da informação.
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