WILSON DE OLIVEIRA NETO (A HISTORICIDADE DAS COISAS): FASCISMO “MADE IN USA”

A HISTORICIDADE DAS COISAS SÃO BENTO DO SUL

Seria Musk neonazista? Ou trata-se de má-fé da imprensa com viés de Esquerda?

Por Wilson de Oliveira Neto, historiador

Em um dos eventos de posse de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos, o milionário Elon Musk fez um gesto que foi associado à saudação fascista. Na imprensa e redes sociais, o ocorrido motivou inúmeros comentários, memes e matérias. Seria Musk neonazista? Ou trata-se de má-fé da imprensa com viés de Esquerda?

Da minha parte, interessa abordar um aspecto da história americana pouco divulgado entre o público brasileiro, que o gesto de Musk motivou a tratar, mesmo que nos limites desta coluna: o fascismo nos Estados Unidos. Embora a democracia liberal caracterize a política desse país, as ideias e movimentos fascistas são velhos conhecidos do Tio Sam.

Grupelhos
Escárnio –
Os primeiros grupelhos fascistas surgiram nos EUA logo após o surgimento das primeiras organizações europeias, em particular, na Itália e Alemanha. De acordo com Bruce Kuklick, autor do livro “Fascism come to America”, espalharam-se por todo o país, sendo diferenciados pelas cores de suas respectivas camisas, fato este que provocou escárnio desses grupos pelo público.

Porém, com a instalação do regime nazista na Alemanha, em 1933, o fascismo ganhou força no país, passando a ser temido por parte da população estadunidense. A organização fascista mais importante nos Estados Unidos da época foi a “German American Bund”, fundada em 1936, sendo liderada por Fritz Julius Kuhn.

Com uma mistura de antissemitismo com anticomunismo, o auge das atividades da “Bund” ocorreu em 1939, durante um comício de Kuhn no Madison Square Garden, em Nova Iorque, onde foram reunidas 20 mil pessoas. O evento foi denominado “Mass-Demonstration for True Americanism”. Após a prisão e deportação do seu líder, Fritz Kuhn, a German American Bund foi dissolvida em 1940.

Uso indiscriminado
Coerência –
Foi nessa época em que as palavras “fascismo” e “fascista” passaram a ter um uso indiscriminado no vocabulário político nos Estados Unidos. Kuklick fala da perda de coerência acerca dos seus significados. Durante a Segunda Guerra Mundial, por exemplo, essas palavras eram destinadas aos grupos e sujeitos da Extrema Direita.

Já na Guerra Fria, o fascismo foi assimilado pelo conceito de Totalitarismo, sendo equiparado ao Stalinismo. Durante as décadas de 1960 e 1970, no contexto da Guerra do Vietnã, fascista era todo político ou toda política que apoiava a intervenção militar estadunidense no conflito, assim como a própria Guerra Fria.

Novos significados
Rótulo –
Entre o final do século XX e o início do XXI, o fascismo recebeu novos significados e usos, sendo, segundo Kuklick, “uma palavra negativa multiuso, com a qual pessoas de uma raça política podia rotular a outra”, afirmação esta que ajuda a situar falas como a da líder do partido político de Extrema Direita alemã AfD, Alice Weidel, durante uma live com Elon Musk, aquele do gesto associado ao fascismo.

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