MARIANO SOLTYS: SÉRIE “MONSTRO” E DETALHES EXAGERADOS

FILOSOFIA DO SUL SÃO BENTO DO SUL

Trabalho soma toda sorte de violência, erotismo e moralismo religioso

Por Mariano Soltys, filósofo e professor

Está a passar uma série em streaming sobre o Ed Gein, um rapaz que fazia o absurdo e um pouco mais com as vítimas, mesmo estas não estando vivas, e que trazia pele humana em móveis de sua casa, além de preservar a mãe religiosa, para cuidar de sua moral.

Tal motivo ainda se somava a parafilias, travestismo, autoginefilia (prazer ao se vestir e sentir mulher), isolamento social, e muita coisa, que identifica o alemão Ed Gein, habitante de uma cidade pacata dos EUA.

Semelhante a outros serial killers, como Dahmer, se nota todo um mito em volta do criminoso, somado a uma criminologia popular, que acrescenta muito fato a história e modus operandi do serial. Nisso a série soma muita coisa que pareceu não existir.

Liquidificador
Serra elétrica
– A série do “Monstro“ soma toda sorte de violência, erotismo e um moralismo religioso, que colocados no liquidificador da tela, resultam em uma indústria cultural, que confunde quem assiste, misturando por demais, numa quase arte abstrata, sem muito sentido. Vale pelas homenagens a “Hitchcock”, a “O Massacre da Serra Elétrica” e demais produtos que surgiram, inspirados em Ed Gein.

Filho de uma ferrenha religiosa, o que parece estranho, ele estava proibido de tocar qualquer mulher, assim julgando estas de Jezabel, bem como motivo de uma condenação ao inferno eterno. Dentre os livros e revistas encontrados na casa desse serial, estavam “Sermões sobre o pecado e a mulher impura”, além de livros médicos, coleções com fotos de holocausto, coisas de canibalismo, rituais de vodu, cabeças encolhidas, revistas científicas e assemelhados.

Fascínio
Cemitério –
O fascínio pela morte leva Ed a frequentar o cemitério (pior que habito perto de um…), e assim na série de streaming, se inventa uma namorada para o moço, coisa que na vida real, documentos de processo, registros oficiais, laudos, etc, não consta.

O moço era muito ligado à mãe e vivia isolado, quieto, estranho, sem qualquer possibilidade de relacionamento amoroso, talvez nem social, apesar de ser babá de crianças, em determinada fase sua. Quem afinal usa pele humana como vestimenta? Quem tem móveis feitos de pele?

Criminologia
Sombra –
Parece que esses casos semelhantes ficarão para os horrores da criminologia, alimentando ficções e filmes de terror, como foi o caso de “Hannibal”, “Psicose”, “O Massacre da Serra Elétrica” e outros, de modo que o povo alimente seu inconsciente e sombra, com instintos reprimidos.

Apesar do romance em série, na realidade ele nunca teve uma namorada, sendo que tudo para ele era simbólico e de certo desvio, buscando um corpo que substituísse sua mãe falecida.

WhatsApp – O grupo de WhatsApp do Jornal Edição Digital pode ser acessado aqui.