Hiroshima e Nagasaki foram atacadas respectivamente nos dias 6 e 9 de agosto de 1945
Por Wilson de Oliveira Neto, historiador

No começo deste mês, foram comemorados – mas não celebrados – os 80 anos dos ataques nucleares contra as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki, respectivamente nos dias 6 e 9 de agosto de 1945. Estima-se, que os bombardeamentos mataram entre 129 e 246 mil pessoas, em um primeiro momento.
Neste ano, especialmente, no Hemisfério Norte, está sendo celebrado o aniversário de 80 anos do final da Segunda Guerra Mundial. Um conflito militar “pop”, objeto de uma certa adoração infantil por parte de muitas pessoas. Porém, essa foi uma guerra violentíssima, que mais matou civis que militares e com reflexos que reverberam na memória e política até hoje.
Condenação moral
Alvos civis – Os ataques contra Hiroshima e Nagasaki não configuram crimes de guerra ou contra a humanidade, uma vez em que, na ocasião em que ocorreram, não havia restrições contra alvos civis no Jus in Bello.
Na verdade, a condenação moral dos bombardeamentos atômicos ocorreu décadas mais tarde, nos contextos da Guerra Fria e de um imaginário, predominante nos países do Hemisfério Norte, em que o mundo caminhava para um apocalipse nuclear, por meio de uma Terceira Guerra Mundial.
As instituições e os sujeitos responsáveis pelos ataques nunca titubearam em suas convicções sobre a legalidade e a importância das bombas atômicas para um fim definitivo da Segunda Guerra Mundial.
Bombas incendiárias
Napalm – Contudo, na minha óptica, os bombardeios estratégicos dos Estados Unidos contra o Japão foram cruéis, como, por exemplo, os ataques contra Tóquio, entre 9 e 10 de março de 1945, conhecidos como Operação Meetinghouse, em que bombas incendiárias carregadas com napalm incineraram boa parte da capital japonesa, matando entre 90 e 100 mil pessoas.
Contudo, pergunto-me o que, na Segunda Guerra Mundial, não foi cruel? Não se trata de um ranking macabro e hipócrita, em um conflito, tal como entre 1939 e 1945, espetáculos de horrores foram inevitáveis e, para torná-los inteligíveis por meio da História, contextualizamos e interpretamos a partir de determinados parâmetros, como por exemplo, nos casos de Hiroshima e Nagasaki, através do Jus in Bello ou das circunstâncias da guerra no Extremo Oriente.
Refletir criticamente
Educação histórica – No entanto, isso não significa que não podemos refletir criticamente sobre o passado e o presente a partir dos ataques nucleares contra o Japão, realizados há 80 anos.
Situá-los lucidamente no escopo da Segunda Guerra Mundial, recordar as memórias de suas vítimas e avaliarmos seus impactos são parte de uma educação histórica que continua necessária, especialmente, nos dias de hoje.
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