DOENÇA É NEGLIGENCIADA PELA POPULAÇÃO, SEGUNDO A SECRETARIA DE SAÚDE
Uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST) que pode causar graves danos à saúde da população em geral caso infectada, especialmente de grávidas e bebês durante a gestação, essa é a sífilis, doença que vem sendo negligenciada pela população, pela falta de prevenção, resultando em um aumento do número de casos ano após ano em Santa Catarina.
Nos adultos, a sífilis pode causar feridas nos órgãos genitais, manchas e lesões na pele, ínguas, quadros graves cardíacos e neurológicos e também pode levar à morte. No caso das grávidas infectadas com a bactéria, a sífilis pode ser transmitida para o bebê durante a gestação (sífilis congênita) e causar aborto espontâneo, parto prematuro, malformação do feto, surdez, cegueira, deficiência mental e morte do bebê ao nascer.
Método mais acessível – Para prevenir a doença, segundo a Diretoria de Vigilância Epidemiológica (DIVE/SC), é importante apostar na prevenção, através do uso de preservativos em todas as relações sexuais; na testagem, com a realização de testes para a detecção de ISTs frequentemente; e no tratamento, caso a pessoa venha a ser infectada.
“A camisinha continua sendo o método mais acessível e eficaz para evitar as Infecções Sexualmente Transmissíveis, como a sífilis, o HIV, as hepatites virais, dentre tantas outras, mas a nossa percepção é que a população tem atualmente uma falsa sensação de segurança com relação às ISTs. Isso porque o HIV já não mata mais como matava nos anos de 1980, 1990, por exemplo”, explica a médica infectologista e gerente de IST, HIV/Aids e doenças infecciosas crônicas, Regina Valim.
“Então, acredita-se que a prevenção não é mais necessária, mas isso não é verdade, temos uma grande quantidade de ISTs que precisam ser controladas, que precisam ser prevenidas. Então, o uso do preservativo em todas as relações sexuais continua sendo fundamental”, prossegue.
Gestantes – Nas gestantes, a indicação é que o teste seja realizado durante o pré-natal em, pelo menos, três momentos: primeiro e terceiro trimestres da gestação, no parto ou em casos de aborto. O parceiro da gestante também deve ser testado. Caso a infecção seja detectada, o tratamento deve ser iniciado imediatamente para evitar a transmissão da sífilis para o bebê. Os casais que estão planejando ter filhos também devem realizar o teste, antes mesmo da gestação.
Sensibilização – Dados do Sinan (Sistema de Informação de Agravos de Notificação) mostram que entre os anos de 2012 e 2022 o número de notificações de sífilis adquirida, sífilis em gestantes e sífilis congênita no estado de Santa Catarina tiveram um aumento considerável. No caso da sífilis adquirida esse número saltou de 574 casos notificados em 2012 para 15.702 em 2022; sífilis em gestantes aumentou de 322 para 3.049 no mesmo período; e os casos de sífilis congênita foram de 100 para 693.
A gerente de IST da Dive, a médica infectologista Regina Valim, acredita que esse aumento, além da falta de prevenção, também tenha relação com a maior sensibilização dos serviços de saúde que estão testando mais, buscando a doença na população para realização do tratamento adequado.
Materiais – A Secretaria de Estado da Saúde também é responsável pela produção de materiais técnicos para a orientação das equipes de saúde do estado e dos municípios, de acordo com as diretrizes nacionais estabelecidas pelo Ministério da Saúde, de materiais informativos para a população, além de fazer a distribuição de testes rápidos e preservativos para todos os serviços de saúde, além do medicamento (penicilina benzatina) para tratamento da doença.
É importante lembrar que tanto o preservativo feminino quanto o masculino são distribuídos de graça pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e podem ser retirados em qualquer unidade de saúde por toda a população.
Boas práticas – Em dezembro do ano passado, os municípios de Itajaí, Brusque, Criciúma, Chapecó e São José receberam do Ministério da Saúde o selo de boas práticas nas categorias ouro, prata ou bronze por estarem rumo à eliminação da sífilis congênita em seus municípios. Esse foi o resultado de uma ação que vem sendo desenvolvida em parceria com os municípios há algum tempo, com o objetivo de buscar a eliminação da doença de forma completa.
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