WILSON DE OLIVEIRA NETO (A HISTORICIDADE DAS COISAS): EINSTEIN RACISTA?

A HISTORICIDADE DAS COISAS SÃO BENTO DO SUL

Para além da sua carreira como pesquisador e professor, ele se tornou uma espécie de cientista “pop”

Por Wilson de Oliveira Neto, historiador

Albert Einstein (1879-1955) foi um físico alemão, cuja obra científica é uma das bases da Física moderna, que, junto com os trabalhos de outros cientistas, revolucionou a forma com a qual a humanidade compreende o mundo natural.

Para além da sua carreira como pesquisador e professor, Einstein se tornou uma espécie de cientista “pop”, fixado no imaginário popular por meio de suas frases marcantes, do seu retrato em que está de língua de fora e da célebre fórmula E=mc2.

Contudo, em uma reportagem publicada recentemente pela BBC News Brasil, é possível conhecer um pouco da intimidade de Einstein e, principalmente, constatar que ele foi um sujeito de seu tempo, sendo influenciado pelas idiossincrasias de sua época.

Fio condutor
América do Sul
– A matéria teve como fio condutor, o trabalho do historiador Ze’ev Rosenkranz, responsável pela edição e publicação dos diários de viagens de Albert Einstein. Tratam-se, de dois volumes, sendo um deles referente à passagem do físico alemão pela América do Sul, em 1925, durante a qual ele visitou a Argentina, o Uruguai e o Brasil. A edição brasileira pertence à Editora Record (Rio de Janeiro) e foi lançada em maio deste ano.

Embora Einstein tenha se encantado com o patrimônio natural brasileiro e uma certa mistura racial da qual resultou a sociedade brasileira com a qual ele entrou em contato, ele registrou uma visão, considerada hoje racista, uma vez em que rotulou os brasileiros como “fofinhos” e “macacos”.

Contexto
Memória –
Na matéria, Rosenkranz contextualizou as menções feitas por Einstein aos brasileiros, situando-as na maneira com a qual um erudito europeu do século XIX compreendia as diferenças humanas, a partir dos conceitos de Determinismo Geográfico e, principalmente, Raça.

O que, para o presente, é algo cientificamente refutado e eticamente condenado, para um oitocentista do hemisfério norte e membro de uma elite intelectual que dominava os patrimônios científico e cultural da época, era uma verdade inegável.

Não acredito que seja o caso de cancelarmos Einstein, sob a acusação de racismo. Mas de aprendermos algumas lições, especialmente, sobre pessoas públicas, cujas imagens construídas pela memória social, mídia e história são altamente idealizadas e mesmo anacrônicas.

O seja, por mais que uma pessoa pública, a exemplo de Einstein, tenha contribuído com o desenvolvimento de uma determinada atividade humana, cujo legado contribuiu com a renovação da forma com a qual compreendemos o mundo ao nosso redor, por mais que sua imagem seja de uma pessoa “fofinha” e progressista, ela não está isolada dos valores e das práticas sociais vigentes em sua época e, especialmente, em sua sociedade.

Humano
Letramento –
Albert Einstein, por meio dos seus diários de viagem, mostra-se tão humano quanto nós. E, em um presente em que o letramento racial está na ordem do dia, um exemplo de como que a noção de raça foi algo profundamente arraigado.

WhatsApp – O grupo de WhatsApp do Jornal Edição Digital pode ser acessado clicando aqui.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *