A série traz algo que se aproxima da realidade e da história
Por Mariano Soltys, filósofo e professor

Curiosamente os bunkers, ou refúgios subterrâneos, são uma realidade no mundo, ainda. A nova série revela assim uma eminente catástrofe atômica, e os bilionários têm seu refúgio: um bunker especial, numa bolsa de gás, na terra.
Deste modo, o jovem Max, preso, após se envolver em um acidente de carro onde perde sua namorada, e é levado pelo pai para o tal bunker, Kimera, encontrando lá uma nova crise, a família da namorada, que o olha com ódio, além de uma mulher com quem teve um passado, a Asia.
Existem ainda bunkers? Sim, e muitos. Trezentos e setenta mil na Suíça, cento e setenta mil na Albânia, quarenta e dois no Rio de Janeiro, muitos em São Paulo, e em Israel, um milhão de bunkers! Existem bunkers militares e outros, como o Hill 60, na Austrália, o nas Montanhas Blue Ridge, na Virgínea, EUA, bem como o da Montanha Cheyenne, no Colorado. Já na Nova Zelância, Havaí e Irlanda estão sendo construídos bunkers de luxo, para bilionários.
Realidade de abrigos
Túnel do museu – A série talvez não seja tão ficcional, se pensarmos na realidade de abrigos ao longo do mundo. Entre Rússia, EUA, China e outros, a ameaça atômica não fica tão distante. O tema filosófico da luta de classes, de uma burguesia que se refugia em bunkers, enquanto os proletários ficam reféns de destruição atômica, pode ser uma boa reflexão.
Os imigrantes alemães também trouxeram consigo a mania de túneis e bunkers. Mesmo em nossa cidade, a São Bento do Sul, existe uma lenda urbana de túneis, seja no museu, ou no Centro da cidade, bem como de bunkers, no porão de casas antigas.
Ruínas
Construção militares – Na Argentina, para onde algumas personalidades da Segunda Guerra acabaram fugindo, existem ainda ruínas de bunkers, túneis e construções militares, em Missiones e na Patagônia, além da colônia Dignidad, no Chile, o que revela a preocupação deles com uma terceira guerra, ou com novos ataques nucleares, ou semelhantes. Já em São Francisco do Sul, existiu a ilha Rita, com base para submarinos alemães.
Doutrinas de seitas
Obsessão pelo fim – A série “O Refúgio Atômico” traz algo que se aproxima da realidade e da história, mesmo do que nos envolve, bem de perto. A isso se soma doutrinas de seitas, de conspirações, fim do mundo, apocalipse e assemelhados. Recentemente ocorreu uma espera de arrebatamento, por previsão de um profeta sul-africano, que ocorreria no dia 23 de Setembro.
Tais eventos alimentam a obsessão pelo fim, o que parece mais um desejo de quem não mais suporta um mundo de rotina e trabalho, ou de responsabilidades e certa mesmice. Um mundo mágico, destruição e coisas semelhantes alimentam muito uma busca de quem deseja a mudança, mesmo que para o pior.
Paz interior
Diplomacia – O verdadeiro refúgio talvez seja a paz interior, a indiferença e a diplomacia, não a guerra atômica. Na guerra atômica não há vencedores, pois todos morrem, como ensinou o físico brasileiro, Marcelo Gleiser.
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