MARIANO SOLTYS: WANDINHA E O OCULTISMO

FILOSOFIA DO SUL SÃO BENTO DO SUL

A sociedade secreta da escola se envolve com essa simbologia fúnebre

Por Mariano Soltys, filósofo e professor

Wandinha passa por uma experiência de quase morte. Assim, já no leito, ela está em posição um tanto simbólica, que depois iremos comentar, de acordo com o Ocultismo. Também as portas que ela encontra, bem como no julgamento, se acha um grande mistério, ao gosto quase egípcio.

Chamada pelos pais de “cadaverzinho”, também soma a simbologia mortuária, própria de algumas fraternidades secretas. Tem o Dia dos Mortos mexicano, que combina com o Halloween, numa cultura diferente. O grupo de sereias com controle mental, e uma série de reflexões que podem ser levadas para a nossa sociedade. A continuação da temporada promete, para quem sabe ver por trás do véu.

Amor proibido
Poe –
Wandinha retorna e conversa com sua amiga loba. O amor proibido volta como o monstro a se vencer, retrato da carta Enamorados do Tarô. Não se demora muito para ver uma série de marcas do Ocultismo em Wandinha. O Dia dos Mortos mexicano serve de entorno a essa ambientação, mais ao estilo latino.

A sociedade secreta da escola se envolve com essa simbologia fúnebre, ao estilo das fraternidades e sociedades secretas de adultos. A isso se somam fantasmas e espíritos, além de outras pessoas com poderes mágicos. Disse Allan Poe: “Não acredito em fantasmas, mas eles me perseguem”, como lembrou Wandinha.

As localidades de Nunca Mais e Jericó são também curiosas, de um simbolismo significativo. Os monstros Hyde parecem revelar guardiões de umbral, complementando a questão mortuária. Fora o ritual de sociedade secreta, feito pela escola. O fantasma da diretora vira um guia de Wandinha, um psicopompo que abre portas no além, julga e encaminha ela na missão. Ela prova ser uma médium, que se comunica com a desencarnada.

Literatura
Sombria –
Também se fala em runas e tudo mais. Wandinha é uma aula de Ocultismo, bem como de temas como o paranormal. O corvo de Allan Poe igualmente pode ser uma de tantas referências, para a literatura um tanto sombria. Ademais, a troca de corpo com a amiga deu um tom diferenciado na temporada, numa brincadeira boa para as atrizes.

Ao acordar, ambas as amigas repetem a posição de Osíris morto, o mesmo sinal que teve Wandinha ao acordar do coma. No mais se nota, como falamos no começo, o fantasma da diretora, como um ser de Juízo Final de Wandinha, feito o deus Anúbis egípcio, ao julgar os pecados da pessoa, pesando seus corações, para que esta não caísse na boca do crocodilo, no Egito.

Juízo Final
Prato cheio
– E Osíris assim seria o juiz, no Juízo Final, mesmo que este seja um Senhor no mundo dos mortos, ou tenha vencido a morte e ressuscitado. Isso lembra algo de alguma religião? O tema da morte lembra algo iniciático, de qualquer modo, e de Ocultismo. Wandinha é um prato cheio, nesse sentido.

Não são necessários mais spoilers, mas há muita coisa que pode ser edificante na série, ser transposto para a metafísica, filosofia, teologia, autoajuda, coaching e tudo mais. Uma série mais profunda do que parece.

Foto Netflix/Divulgação

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