Ary Weber Rauen nasceu em Papanduva, em maio de 1922
Por Wilson de Oliveira Neto, historiador

Há 80 anos, a Força Expedicionária Brasileira (FEB) tomou a cidade italiana de Montese, localizada na província de Modena, na região da Emília-Romanha. É comum, quando o público recorda os combates travados pelos expedicionários na Itália, destacar a tomada de Monte Castello, em fevereiro de 1945.
Contudo, a luta por Montese foi a que mais baixas causou entre os efetivos da FEB, com um total de 453 homens, entre feridos e mortos, em um combate urbano ocorrido entre os dias 14 e 16 de abril de 1945.
“Na batalha por Montese foram envolvidos pela única vez, simultaneamente, várias unidades de artilharia, o esquadrão de reconhecimento e os três regimentos de infantaria da FEB”, segundo o jornalista Ricardo Bonalume Neto, no livro “A nossa Segunda Guerra”.
Descendente
Base aérea – Entre os brasileiros mortos em Montese, está o catarinense Ary Weber Rauen, nascido em Papanduva no dia 20 de maio de 1922. Porém, ele viveu sua infância na cidade de Mafra. Descendente de imigrantes alemães, era filho de Alfredo e Maria Weber Rauen, uma família próspera que desenvolveu negócios no campo e na cidade.
“A prioridade dada à vida escolar de Ary e dos seus irmãos levou a família a se mudar para Curitiba, em 1934”, revela o historiador Dennison de Oliveira. Na capital paranaense, Ary Rauen cursou o Ginásio, concluindo em 1939. Após, iniciou os seus estudos propedêuticos para o ingresso na Faculdade de Medicina.
Em 1940, alistou-se na Base Aérea de Curitiba, para o cumprimento do serviço militar obrigatório. Durante esse período, realizou os cursos de Cabo e Sargento. Mais tarde, matriculou-se no Centro de Preparação de Oficiais da Reserva (CPOR) de Curitiba, concluindo o curso em 1942.
Tenente
FEB – Na FEB, o tenente Ary Rauen foi incorporado ao 11º Regimento de Infantaria (RI), da 1ª Divisão de Infantaria Expedicionária (DIE), sendo comandante do 1º Pelotão, da 2º Companhia, do I Batalhão do 11º RI. Na frente italiana, ele participou de diversas ações de combate, sendo a primeira em que o Tenente Ary Rauen se destacou foi no episódio do “Laurindo”, em que não abandonou com seus homens a linha de frente.
Ele também se distinguiu durante o ataque contra Monte Castello, em 12 de dezembro de 1944, quando ele e o pelotão sob o seu comando ocuparam a localidade de Falfare, atuação essa que resultou no elogio público feito pelo comandante da Companhia em que serviu. Destacou-se também nas operações realizadas em Soprassasso e Castelnuovo, no começo de 1945.
Contexto
Progressão arriscada – O tenente Ary Rauen foi morto em ação no dia 14 de abril de 1945, no contexto da tomada da cidade de Montese. A documentação oficial a respeito das circunstâncias em que ele foi morto são elogiosas e destacam obediência às ordens, coragem e sacrifício.
Durante o assalto final a Montese, o pelotão que o tenente Ary Rauen liderava seguiu uma rota de progressão extremamente arriscada, tendo de enfrentar a fuzilaria alemã e atravessar extensas áreas minadas. Conforme constatou Dennison de Oliveira, nessas circunstâncias, eram ínfimas as chances dos homens do pelotão liderado pelo Tenente Ary Rauen saírem ilesos.
Condecorado
Sangue do Brasil – Por seus feitos na Campanha da Itália, ele foi condecorado com a Cruz de Combate de 1ª Classe, a Medalha Sangue do Brasil, a Medalha de Campanha e a Medalha de Guerra.
Durante as décadas seguintes ao término da Segunda Guerra Mundial, Ary Rauen se tornou os nomes de uma extensa avenida no Centro da cidade de Mafra e da sede do 5o Regimento de Carros de Combate (5º RCC), também localizada em Mafra.
Criada em 2006 pelo comando do 5º RCC, a Medalha Tenente Ary Rauen é concedida anualmente, durante o aniversário do Regimento, para civis e militares que tenham prestado serviços relevantes ao 5º RCC, bem como ao Exército Brasileiro.
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