Os primórdios da celebração mais importante do mundo ocidental estão situados na Antiguidade
Por Wilson de Oliveira Neto, historiador

Você já parou para pensar que o Natal nem sempre existiu e que, assim como as demais celebrações cristãs ocidentais, ele tem uma história? Pode parecer estranho, pois nossa socialização natalina ocorre desde quando éramos pequenos, sendo essa festa algo naturalizado, dando a impressão que ela sempre existiu.
As origens da celebração mais importante do mundo ocidental estão situadas na Antiguidade, sendo uma mistura de diversas tradições religiosas anteriores ao Império Romano e ao Cristianismo. Sua oficialização, por volta do século 4, representou um grande investimento simbólico por parte dos adeptos da religião cristã que se estabelecia naquele momento em Roma.
Há 7 mil anos
Solstício – Há 7 mil anos, já ocorriam cultos agrários durante o solstício de inverno, que acontece no final do mês de dezembro, no hemisfério norte. Tratava-se do renascimento do Sol, pois daí em diante, os dias seriam mais longos até o auge do verão. Para as sociedades agrícolas de outrora, era um dos momentos mais importantes da vida social.
“Na Mesopotâmia, a celebração durava 12 dias. Já os gregos aproveitavam o solstício para cultuar Dionísio […], enquanto os egípcios relembravam a passagem de Osíris para o mundo dos mortos. Na China, as homenagens eram para os símbolos yin-yang, que representa a harmonia da natureza. Até os povos antigos da Grã-Bretanha […] comemoravam”, informam Thiago Minami e Alexandre Versignassi.
Mitra
Festival do Sol – Contudo, a celebração do nascimento de Jesus Cristo descende da festa romana em honra a Mitra, divindade persa que representava a luz e que “nasceu” no dia 25 de dezembro. O Festival do Sol Invicto foi o equivalente romano às demais comemorações do solstício de inverno. O Mitraísmo “chegou à Europa lá pelo século 4 a.C., quando Alexandre, o Grande, conquistou o Oriente Médio”, situam Minami e Versignassi.
Em Roma, a festa era celebrada após a Saturnália, em comemoração a Saturno e que incluíam banquetes, sacrifícios e troca de presentes. A partir da expansão do Cristianismo, o Festival do Sol Invicto se transformou no Natal, como um dos meios de capilarização social da nova religião entre os romanos. Para o historiador José Rivair Macedo, o Cristianismo tomou corpo a partir do sincretismo com o politeísmo romano.
Características históricas
Europa cristianizada – Foi o historiador Sextus Julius Africanus quem fixou o aniversário natalício de Jesus no dia 25 de dezembro. Até então, ninguém tinha a menor ideia de quando ele nasceu. Com a elevação do Cristianismo à religião oficial do Império, em 380, pelo imperador Constantino, o Natal foi consolidado.
Durante o Medievo, a celebração foi difundida pela Europa cristianizada, adquirindo as suas características históricas com as quais estamos acostumados, como por exemplo, a árvores com suas decorações típicas e, é claro, o bom velhinho. Estava, portanto, inventado o Natal.
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